13/09/2017 - 20:23
As geleiras das montanhas da Ásia perderão pelo menos um terço da sua massa devido ao aquecimento global até o final do século, com consequências terríveis para milhões de pessoas que dependem delas para obter água doce, disseram pesquisadores nesta quarta-feira.
Este é o cenário mais otimista, baseado no pressuposto de que o mundo conseguirá limitar o aquecimento global médio abaixo de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, segundo um estudo publicado na revista científica Nature.
“Atingir o objetivo de 1,5ºC será uma tarefa de dificuldade sem precedentes”, disseram os pesquisadores, “e, mesmo assim, 36% (…) da massa de gelo nas altas montanhas da Ásia deve ser perdida” até 2100.
Com aquecimentos de 3,5ºC, 4ºC e 6ºC, as perdas de geleiras asiáticas podem chegar a 49%, 51% ou 65%, respectivamente, até o final do século, de acordo com o estudo.
As montanhas da Ásia compreendem uma região geográfica em torno do planalto tibetano, e detém a maior reserva de água congelada fora dos polos.
Elas alimentam muitos dos grandes rios do mundo, incluindo o Ganges, o Indo e o Bramaputra, dos quais dependem centenas de milhões de pessoas.
Quase 200 nações adotaram o Acordo de Paris em 2015, que estabelece o objetivo de limitar o aquecimento a um nível “bem abaixo” de 2,0ºC e, se possível, abaixo de 1,5ºC.
A superfície da Terra já aqueceu em cerca de 1ºC, de acordo com cientistas.
Para os cenários de aquecimento elevado, os especialistas preveem um aumento perigoso do nível do mar, piora das tempestades, secas e inundações mais frequentes, perda de espécies e propagação de doenças.
As montanhas asiáticas, segundo o novo estudo, já estavam aquecendo mais rapidamente do que a média global.
Um aumento da temperatura global de 1,5ºC significaria um aumento médio na região de cerca de 2,1º C, com diferenças entre as cadeias de montanhas.
A cordilheira Hindu Kush aqueceria cerca de 2,3°C e os Himalaias orientais cerca de 1,9ºC, prevê o estudo.
“Mesmo que as temperaturas se estabilizem em seu nível atual, a perda de massa (glacial) continuará nas próximas décadas”, acrescentaram os pesquisadores.
Habitantes do sul da Ásia e da China dependem da água derretida das geleiras do Himalaia para beber, gerar eletricidade e irrigar.
Ao mesmo tempo, as regiões também são vulneráveis a inundações mais intensas pelo derretimento acelerado de geleiras, combinadas com chuvas mais fortes e enormes tempestades impulsionadas pelo aquecimento global.
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