O homem que matou com uma faca a mãe e a irmã na França nesta quinta-feira tinha problemas psiquiátricos “importantes” e estava fichado como radicalizado. Os investigadores tentam determinar o motivo da agressão, um ato reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).
Kamel S. 36 anos, matou a irmã e a mãe e feriu gravemente outra pessoa em uma rua de Trappes, cidade a 30 km de Paris, antes de ser abatido pela polícia.
Trappes é uma localidade muito afetada pelo desemprego. Fontes da unidade antiterrorista afirmam que 50 moradores da região saíram do país para lutar no Iraque e Síria desde 2013.
Embora o ato tenha sido rapidamente reivindicado pelo grupo extremista EI, as autoridades francesas não confirmaram um ataque terrorista. Uma investigação foi aberta por “assassinato, tentativa de assassinato e ameaças de morte”.
A polícia, alertada pelos vizinhos, encontrou o homem entrincheirado na casa de sua mãe. O MP informou que ele gritava “Alá Akbar” (“Deus é grande”) e ameaçou matar os agentes.
Ele saiu da casa, com as mãos para trás, e seguiu caminhando, apesar das advertências da polícia.
Os investigadores procuram em seu computador e celular algo que ajude a explicar o ataque.
Até o momento, as autoridades sabem que o motorista de ônibus foi demitido em 2016 por ter violado a obrigação de neutralidade vinculada a suas funções.
De acordo com uma fonte da empresa pública de transportes para a qual trabalhava, Kamel S. teria freado o ônibus, pronunciado “frases incoerentes, invocando Alá”.
A empresa notificou as autoridades, que abriram uma investigação por apologia ao terrorismo, que foi arquivada.
Na vida pessoal, o agressor estava separado da mulher e morava com a mãe, segundo fontes ligadas à investigação.
A família enfrentava tensões pela herança do pai. Kamel S. apresentou uma denúncia por abuso de confiança contra as duas irmãs. A acusação foi arquivada sem qualquer ação posterior em 2017.
O agressor tinha problemas psiquiátricos “importantes” e um perfil mais voltado para o “desequilibrado” que de um soldado “sob as ordens do EI”, destacou o ministro do Interior, Gérard Collomb.
“Eu costumava beber café com ele, mas não o via há um mês”, disse Pascal, um vizinho de 59 anos que não acredita em ato terrorista.
“Falaram de um terrorista, mas ele não é um terrorista, ele é um cara que perdeu a cabeça”, disse.
O ataque provocou um novo susto na França, país que vive em estado de alerta ante a ameaça extremista desde uma onda de atentados sem precedentes em sua história que matou 246 pessoas desde 2015.