03/04/2018 - 17:24
Encontrar-se repentinamente falido com mais de 50 anos pode aumentar em 50% o risco de morte nos 20 anos seguintes, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (3).
O estudo, publicado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA) é o primeiro deste tipo em longo prazo, e analisa em 75% ou mais o impacto na saúde da perda dos bens de uma pessoa em um período de dois anos.
Quase um quarto dos americanos maiores de 51 anos viveu essa situação, de acordo com a pesquisa.
A perda das economias de uma vida inteira teve seu auge durante a crise de 2007-2010, mas os americanos experimentaram situações deste tipo a um ritmo relativamente constante nos últimos 20 anos, “independentemente do clima econômico geral”, revela o estudo.
“Descobrimos que perder as economias de toda uma vida tem um profundo impacto na saúde de uma pessoa em longo prazo”, assinalou a autora principal, Lindsay Pool, da Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade de Northwestern.
Os pesquisadores também fizeram o acompanhamento de um grupo de pessoas da mesma idade, mas com rendimentos baixos e que nunca tiveram riquezas, e descobriram que seu risco de morrer nos 20 seguintes era 67% mais alto que o das pessoas cujas economias experimentaram um aumento constante durante a vida.
“A descoberta mais surpreendente foi que ter dinheiro e perdê-lo é quase tão ruim para a expectativa de vida como não tê-lo tido nunca”, explicou Pool.
Este risco mais alto poderia ser explicado pela dificuldade de pagar por atendimentos médicos e pelo impacto na saúde da angústia pelas grandes perdas financeiras.
O estudo foi realizado a partir de informações fornecidas por mais de 8.700 pessoas que participaram de uma pesquisa nacional em longo prazo realizada pelo Instituto Nacional sobre o Envelhecimento.
Os participantes tinham entre 51 e 61 anos no momento de sua inscrição na pesquisa.
Em 2016, um estudo publicado na revista britânica “The Lancet” indicou que o aumento do desemprego e os cortes no setor de saúde, consequência da crise financeira de 2008, teriam contribuído para um aumento do nível de mortalidade por câncer de mais de meio milhão de pessoas no mundo.