Bem, começando pelo começo, sim, eu gosto muito do governador Romeu Zema e do seu vice, Mateus Simões. Ambos representam quase tudo em que acredito em termos de administração pública, ainda que deles – e de algumas de suas falas e atitudes – eu discorde vez ou outra, afinal, toda unanimidade é burra.

Especificamente, então, sobre o que disse o nosso querido Chico Bento, a respeito da barbárie terrorista, protagonizada por bolsonaristas em Brasília, dia 8 de janeiro, culpando em parte o governo federal pela invasão e destruição, além de repetir o mantra idiota sobre “infiltrados”, é que discordo mesmo do governador.

Sim, é fato que o governo Lula, especialmente os ministros Flávio Dino e José Múcio, falhou no auxílio ao GDF (Governo do Distrito Federal). Porém, auxílio é uma coisa, providências são outras. O que ocorreu, com clareza solar, foi a leniência, senão a cumplicidade explícita, das autoridades de Brasília. Ponto.

Os únicos culpados são, pela ordem, Jair Messias Bolsonaro (o guru), os próprios golpistas terroristas e a Polícia Militar do Distrito Federal, sob o comando do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres. Absolutamente ninguém, além destes, pode ser considerado responsável pela tragédia.

BOULOS

Em entrevista a uma rádio do sul do País, Zema andou falando algumas besteiras como descrevi acima. Politicamente, o governador mineiro tenta ocupar o vácuo deixado pelo fujão Bolsonaro, e aqui e ali faz agrados – dos quais discordo, pois tem brilho e capacidade próprios – aos militantes órfãos do verdugo do Planalto.

Ato contínuo, aliados do presidente eleito Lula da Silva, o ex-tudo (ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro), “deitaram falação”, com toda razão, aliás. Agora, a depender do autor da crítica e do conteúdo da fala, na boa, não dá para ficar calado, não. É o caso e o porquê desta coluna.

Guilherme Boulos, deputado federal, notório baderneiro urbano e invasor de propriedades públicas e privadas, que outro dia – que piada!! – condenou as invasões das sedes dos três Poderes, declarou: “É lamentável ver esse bolsonarista irresponsável governando um estado tão importante como Minas Gerais”.

Bem, lamentável, seu Boulos, foi a administração de sua “companheirada”, sob as ordens de Fernando Pimentel, que destruiu Minas Gerais com uma força e ineditismo de fazer corar a saudadora de mandioca e estoquista de vento. Mas como você não entende patavinas de MG, não deve saber disso, não é mesmo?

LULA

Ao contrário do que afirmou o poste reserva de Lula – o titular sempre foi Fernando Haddad -, Romeu Zema não é bolsonarista, mas, neste sentido, oportunista, já que foi eleito e reeleito, ao lado do amigão do Queiroz. Por mim, inclusive, já teria se descolado do “inominável” faz tempo, mas quem sou para dar palpite?

O próprio Lula, dias atrás, ao condenar os atos golpistas terroristas, veio com a tradicional conversa fiada, dizendo que “nunca se viu a esquerda fazer algo assim”. Mentira! O PT, a CUT, o MST, o PSOL e outros partidos e aparelhos satélites cansaram de depredar patrimônios públicos e privados, além de matar pessoas.

Em junho de 2019, em um protesto violento contra a reforma da previdência, já no (des)governo de Jair Bolsonaro, manifestantes de esquerda atearam fogo em pneus e fecharam a Av. Antônio Carlos, em Belo Horizonte. Uma senhora de 53 anos, mãe de 8 filhos, veio à óbito após passar mal dentro de um ônibus.

Em 2016, no gramado do Congresso Nacional durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, militantes de esquerda protagonizaram um quebra-quebra histórico. Nos anos FHC, num leilão de privatização qualquer, baderneiros da CUT agrediram fisicamente investidores que entravam na Bolsa de Valores de São Paulo.

ENCERRO

Eu poderia passar dias, recordando e escrevendo sobre manifestações de cunho terrorista, protagonizadas pelas esquerdas brasileiras. Lembrei-me de outra, inclusive: a tal Vila Campesina, que certa vez invadiu um laboratório de uma empresa no interior de São Paulo e destruiu tudo o que encontrou pela frente. Seria infindável a lista.

Repito: a fala de Zema, a meu ver, foi desastrosa. Aliás, por favor, governador, se afaste do bolsonarismo extremo; isso não presta e não faz bem nem para o senhor nem para o Brasil. Mas isso não confere autoridade moral a gente do tipo de Lula e Boulos, para criticar, pior ainda, condenar o governador mineiro. Não mesmo!

Que Guilherme Boulos vá cuidar de seus afazeres em Brasília. Que Lula da Silva, idem, pois trabalho não lhe falta – e começou muito mal, diga-se de passagem. E que as esquerdas deixem de hipocrisia – sim, eu sei, é querer muito – e parem com essa balela de condenar o que são useiras e vezeiras, ou seja, invadir e depredar.

Por fim, que nosso Chico Bento continue brilhando em seu trabalho de reconstrução do estado, e que seus feitos, caso ocorram, o habilitem a disputar, legitimamente, a Presidência da República. Para isso, insisto, não precisa emular quaisquer falas e atitudes do patriarca do clã das rachadinhas. Ao contrário. Quanto mais distante, melhor.