Olá, Arruda! Ou Coppolla, como queira. Talvez Copano. Enfim. Vamos ao que interessa.

Não preciso me apresentar, ainda que não tenha nem um milésimo da sua notoriedade, já que você não apenas sabe quem sou, como, de alguma forma ou de outra, acompanha as minhas colunas na revista Istoé ou no jornal Estado de Minas. Obrigado, aliás.

Amigos (judeus) me enviaram um vídeo, em que você me cita de forma bastante crítica, bem como a IstoÉ, por uma capa e/ou matéria da revista e um artigo meu a respeito. Não fosse isso, eu jamais teria conhecimento do seu blá blá blá, pois não o acompanho.

Antes de prosseguir, é oportuno esclarecer que, um pouco diferente do que você disse, não tenho apenas ‘ascendência judaica’; eu sou judeu! Por parte de pai e mãe, e avós e bisavós paternos e maternos. Todos ou morreram ou vieram da Europa para o Brasil.

Não professo a religião regularmente. Minha ligação com o judaísmo se dá de forma muito mais profunda que em cultos, ou pessoas e palavras, ainda que saiba, conheça e respeite incondicionalmente as tradições religiosas dos meus antepassados e do meu povo.

Assim, meu jovem e iniciante ‘amigo’ dos judeus, tenho, senão exclusiva, um pouco mais de, digamos, legitimidade que você, um pró-judeu bem mais novo do que a ‘marvada’ que eu bebo. Aliás, ultimamente, o que apareceu de ‘amigo’ de judeu por aí não foi brincadeira.

Oportunamente, será adequado perguntar a todos estes neo-aliados: onde vocês estiveram durante os últimos anos? Sobretudo os oportunistas da esquerda nacional, tradicionalmente contrários a Israel e apoiadores incondicionais dos terroristas antissemitas.

Desculpando-me por alongar em assuntos paralelos, e voltando à sua coluna digital (assim que se chama o troço?), gostaria de esclarecer alguns pequenos pontos nebulosos de sua verborragia chapa-branca, a meu ver, indigna até para quem opina a soldo. Vamos lá:

Em primeiro lugar, nem eu nem a revista, e não tenho procuração para falar em seu nome, jamais reduzimos o nazismo nem muito menos o equiparamos a Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, seu desgoverno aloprado e a seita a qual você sobejamente pertence.

Particularmente, na minha coluna a respeito do assunto, deixo bem claras a minha opinião sobre a exposição da figura nefasta (Hitler); a necessidade de jamais reduzir o holocausto a qualquer porcaria que seja; e sobretudo o porquê da minha posição pró-IstoÉ.

Tais pontos, Caio, foram – imagino que de forma não intencional, já que você é um, como é mesmo?, cidadão de bem – esquecidos em seu looooongo comentário. Aliás – eu sei, quem sou para dar pitaco, né? – poderia ter uns cinco minutos a menos.

Então. Já exposto o acima, gostaria de aproveitar a oportunidade para te explicar algumas coisas que, ou você não entendeu, ou entendeu e fingiu que não (é compreensível, certas penas de aluguel vêm e vão ao sabor do caixa, e o seu caso é pródigo). Mas, bora lá!

O seu mito, a meu ver, não é nazista. Mas é, indubitavelmente, admirador de algumas das piores práticas do nazismo – se é que há algumas menos piores que outras. Por exemplo: assim como Hitler, Bolsonaro abomina, repito, abomina!!, os homossexuais.

Vou além: se pudesse – chego a pensar, baseado nas próprias palavras dele – o amigão do Queiroz exterminaria os homossexuais: ‘prefiro um filho morto a um filho gay’. E não é só LGBTQIA+, não. O devoto da cloroquina, se pudesse, intuo, iria muito além.

‘A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país’. E aí, Caio Copano, Hitler dizia coisas diferentes sobre ciganos, negros, judeus, gays, etc.?

No vídeo, você cita expressamente as experiências médicas com humanos. Pois é. A CPI da Covid provou, amparada em documentos e testemunhos, que o governo realizou testes em doentes, com drogas experimentais, sem a anuência dos pacientes e de suas famílias.

Veja, Caio, o goveno federal não é nazista, mas algumas de suas condutas são análogas ao nazismo, e foi isso que a IstoÉ tão bem explicitou – de forma irrefutável, aliás -, daí este seu trabalho de tergiversação juvenil, que ‘cola’ junto ao seu rebanho desinstruído, mas só.

Quando a revista chama o patriarca do clã das rachadinhas, das mansões milionárias e dos panetones de ‘mercador da morte’, faz com razão e propriedade. Ora, seu patrão intelectual não contribuiu, desde o início da pandemia, para a máxima disseminação do vírus?

Ele não combateu o uso de máscaras, o distanciamento social e a vacinação? Ele não fez propaganda de medicação ineficaz e espalhou notícias mentirosas sobre as vacinas – que causariam mortes, suicídios, invalidez e até mesmo Aids, meu caro Caio de Arruda?

Bem, se isso não o qualifica como um legítimo ‘mercador da morte’, espero que ao menos as aglomerações que ele patrocinou – sempre sem máscara -, inclusive após contato prévio com contaminados, a seu ver, o habilite ao legítimo título dado pela publicação.

Olha, Caio, eu poderia, aqui, lembrar que o ‘mito’ comparou um rapaz negro a um animal de corte. Ou que, explicitamente, já pregou o extermínio de petistas, psolistas, comunistas, etc. Mas você sabe disso. E sabe que o nazismo também queria o extermínio de opositores.

E sabe, também, que Hitler dizia e praticava as mesmas coisas. Assim, não se trata, como você quer fazer crer, de reducionismo do nazismo, mas, como eu disse, e repito!, ainda que você discorde de mim (verdadeiramente ou não), de chamar as coisas pelo nome que têm.

Por falar nisso, vou chamá-lo agora pelo nome que tem: você é um comentarista a soldo. É uma pessoa que opina – e de forma bem fundamentada, educada e convincente – de acordo com o emissor do contra-cheque. E aqui não vai nenhum demérito, não. É a sua profissão.

Eu, por exemplo, já fui empresário. Não sou, nunca fui e jamais pretendi ser jornalista. Sou apenas um observador da cena nacional e um palpiteiro de botequim. Por alguma razão, o que escrevo faz enorme sucesso e é lido por dezenas de milhões de pessoas.

Comparado a você, não sou nada. Sou um João Ninguém. Bem como, comparado a mim, na minha esfera profissional, você é muito menos que isso. Aliás, se não me engano, você tentou ser empresário, mas se deu mal e foi ser assessor parlamentar, ou algo parecido.

Prezado ‘bolsominion provisório’ (pois sabemos que, como o slogan da BandNews, em vinte dinheiros, digo, segundos, tudo pode mudar), é o seguinte: fale da Folha, da IstoÉ, do Ruy Castro, do Alexandre Schwartsman, enfim, de ‘gente grande’, mas de mim não.

Deixe-me aqui em paz, no meu cantinho de ‘véio gagá’ sem expressão. Feche seus olhos e ouvidos para mim, assim como você fecha quando seu idolatrado PR recebe, abraça e sorri para líderes e herdeiros nazistas, como recentemente fez em Brasília, lembra?

Ou quando elogia Hitler; quando orgulha-se do avô que serviu ao nazismo e perdeu um braço, quando repete, seguidamente, o slogan fascista, ‘Deus, pátria, família’ ou qualquer porcaria assim. Observe, Copano, como Bolsonaro é, sim, a expressão do nazifascismo.

Escrever é meu passatempo; coisa de gente à toa, sabe? Ninguém dá a menor pelota para mim. Por isso, vá ganhar seus tostões e a gratidão daquela família ligada à milícia, e adepta de práticas nazistas, sim, senhor!, longe de mim. Bem longe, aliás. Talquei, Arruda?