A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, exigiu neste domingo (13) que dois ex-procuradores-gerais prestem depoimento sobre o que chamou de uma tentativa “desonesta” do Departamento de Justiça de obter secretamente dados de legisladores e jornalistas democratas.

“O que o governo” do ex-presidente republicano Donald Trump e o Departamento de Justiça fizeram sob seu mandado “vai ainda mais longe do que Richard Nixon”, disse ela à CNN, referindo-se ao escândalo de Watergate, que pôs fim à presidência de Nixon.

O jornal The New York Times relatou na quinta-feira que os então procuradores pediram à Apple detalhes pessoais de dois congressistas democratas do Comitê de Inteligência da Câmara, bem como de seus funcionários e familiares.

Esses legisladores, que estavam investigando o possível conluio de Trump com a Rússia, tiveram seus registros telefônicos – e até de membros de sua família, incluindo uma criança – coletados, no que os democratas chamam de um abuso de poder sem precedentes.

O departamento também obteve sem consentimento os registros de repórteres da CNN, do The Washington Post e do The New York Times.

A investigação começou sob o procurador-geral Jeff Sessions e continuou sob seu sucessor, Bill Barr. Ambos negaram recentemente ter conhecimento do assunto.

“Trata-se de minar o Estado de Direito”, declarou Pelosi no domingo. “E os procuradores-gerais Barr e Sessions dizerem que não sabiam nada sobre isso é inacreditável.”

“Portanto, teremos de fazê-los vir prestar depoimento sob juramento sobre isso”, acrescentou Pelosi, garantindo que “o Departamento de Justiça foi desonesto sob o presidente Trump, em muitos sentidos”.

A congressista disse que é essencial determinar se os envolvidos na operação – cujos alvos incluíam o presidente do Comitê de Inteligência, o democrata Adam Schiff – ainda estão no Departamento de Justiça.

“Não importa quem seja o presidente, seja qual for seu partido, esse não pode ser o caminho”, defendeu ela.

Pelosi também informou que decidirá na segunda-feira se nomeará um comitê para investigar o ataque ao Capitólio por apoiadores de Trump em 6 de janeiro.