Já era insuportável – e potencialmente mortal – permitir o psicopata do Planalto, Jair Bolsonaro, propagandear, de forma irresponsável e inconsequente, o tal “tratamento precoce” para Covid-19, a base de cloroquina e ivermectina (e talvez muita reza brava), sem o menor indício de eficácia, o que certamente leva (e levou) milhares – senão milhões – de brasileiros crédulos e/ou pouco instruídos, a “enfrentarem o vírus de peito aberto”, comportamento tão a gosto do amigão do Queiroz, e que seguramente contribuiu para o inaceitável número de 200 mil óbitos.

Esse negacionista conduz os brasileiros diretamente, pela ordem, aos hospitais (lotados), em seguida aos necrotérios (lotados), e finalmente às covas (recém-abertas) dos cemitérios Brasil afora. Como? Negando, desde sempre, a gravidade da doença; desdenhando dos mortos; incentivando e promovendo aglomerações; pregando contra o uso de máscaras; boicotando as vacinas; demitindo ministros da Saúde que não lhe eram servis; nomeando um néscio para a Pasta, que nem sequer distingue os hemisférios sul e norte; não suprindo o País com imunizantes (como o da Pfizer, que ofereceu ao Brasil, ainda em agosto do ano passado, 70 milhões de doses) e insumos adequados (seringas, agulhas etc.).

Para piorar, novamente fora de qualquer controle emocional e intelectual (se é que algum dia conheceu algum) e completamente despido de postura presidencial – o que já nem causa mais espanto – o devoto da cloroquina, ignorado até pelas emas palacianas, em visita à Manaus (AM), cidade e estado devastados pelo novo coronavírus, desferiu uma série de impropriedades que, em qualquer nação minimamente ajuizada, faria com que fosse imediatamente impedido de continuar exercendo a “balbúrdia da República” (o que o maridão da “Micheque” exerce não é a Presidência, mas, sim, a balbúrdia da República). Aspas para o papis do senador das rachadinhas:

“Pazuello é uma pessoa excepcional. É a pessoa certa, no lugar certo. Se tivesse um Mandetta lá, até hoje esse marqueteiro da Globo… e continua, agora, tendo espaço na TV funerária, na capa da revista IstoÉ. O médico, a cara do jegue lá, olhando para o pasto assim.” Bem, não resta a menor dúvida que Pazuello, sob a ótica e o padrão de qualidade bolsonaristas, é o pau-mandado, ops!, a pessoa certa, no lugar certo. Afinal, que outro general se sujeitaria a servir de esbirro a um ex-capitão e ainda declarar (sobre o “tratamento precoce”): “O diagnóstico é do médico, não é do exame, não é do teste… o teste é complemento do diagnóstico médico, a medicação pode e deve começar antes desses exames complementares. Caso o exame lá na frente dê negativo, ele reduz a medicação e está ótimo. Não vai matar ninguém, pelo contrário, salvará no caso da Covid”.

É incrível como se parecem – além da notória incapacidade para ocuparem os respectivos cargos – nos gestos, nos pensamentos (confusos) e nas falas (a la Dilma Rousseff). Uma coisa, já bastante grave e inadmissível, é um presidente irresponsável e inconsequente espalhar besteiras sobre a saúde da população. Outra, muito pior e ainda mais grave, é o próprio ministro da Saúde repeti-lo, como se já não fosse o bastante sua declaração asquerosamente debochada sobre quando teremos vacinas: “no dia D e na hora H”.

Não custa lembrar que a própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em novembro passado, apontou que a cloroquina e a ivermectina são indicadas APENAS para o tratamento dos males e dos sintomas indicados na bula. Ou seja, presidente e ministro estão fazendo propaganda de um tratamento e distribuindo drogas em desconformidade com a LEI. Se isso não é motivo suficiente para que se dê um “basta” nestes dois, por Deus, não sei o que mais poderia ser?