O brasileiro mais famoso do mundo, ao morrer aos 82 anos, se consolida como imortal. “Em vez de 15 minutos de fama, ele terá 15 séculos”, disse o pintor Andy Warhol ao retratar o rei do futebol na década de 1970, de quem era amigo. Ao ter seu retrato feito pelo mesmo artista que imortalizou a face de Marilyn Monroe, Jackie Kennedy e Elvis Presley, Pelé fez história ao popularizar o futebol não só na arte, mas ao redor do mundo. Ao viajar por todos os continentes, trabalhava sem querer como um embaixador do Brasil. Combateu o racismo, a guerra e inspirou milhões de pessoas a tornarem-se torcedores e também jogadores.

Pelé jogou em mais de sessenta países e esteve em mais de cem: foi visto e celebrado em pessoa por muitos. Sua fama começou cedo, e aos 17 anos, virou crônica na caneta do escritor Nelson Rodrigues. Três meses antes da copa de 1958, o cronista decretou o apelido que ficaria: rei.

Pelé viveu como se fosse da realeza e teve experiências que poucas ou nenhuma pessoa conseguirá igualar: gravou um disco com Elis Regina, contracenou em diversos filmes – inclusive ao lado de Sylvester Stallone dirigido por John Huston – e namorou beldades, entre eles, Xuxa, a Rainha dos Baixinhos. Pelé virou estampa antes mesmo do marketing ser um campo de estudo estudado com profundidade.

Atuou em novelas, participou de diversos programas de auditório e brincava que era um dos integrantes de “Os Trapalhões”. Viu e apertou a mão do rei do rock, foi na festa de aniversário de 15 anos da atriz Brooke Shields, que havia encantado o mundo com o filme A Lagoa Azul. Virou assunto dos jornais por suas polêmicas envolvendo a paternidade e comerciais duvidosos, mas jamais perdeu a majestade. Agora, jornais e portais de notícias do mundo todo o colocam na primeira página. Pelé não é apenas esporte. Assim como Mozart, Beethoven, Madonna e Maradona, que partiu alguns anos antes do amigo, é um nome consolidado na História. Em entrevista a João Moreira Salles, em 1997, o astro disse: “O Edson vai morrer um dia, mas o Pelé eu acho que não morre mais, não”.
Edson Arantes do Nascimento estava coberto de razão.