Nenhuma personalidade brasileira fez mais para colocar o País no mapa mundial no século XX do que Pelé. Recebido por reis e estadistas, disputado por presidentes e celebridades em todos os continentes, era uma rara unanimidade planetária. Não havia político, empresário ou artista que rivalizasse com ele em todos os quadrantes, em todos os estratos sociais, dos círculos aristocráticos às regiões miseráveis do planeta.

Desde os anos 1950, ele se tornou a face visível de uma Nação que deixava de ser a periferia nundial para virar protagonista. E fez isso com o soft power mais qualificado possível; o esporte em que o Brasil se tornou líder mundial. O Brasil mostrou, pelos pés de Pelé, o poder transformador do futebol, que aglutina nações, premia o esforço coletivo, ressalta a criatividade  e o talento independentemente de formação ou procedência. Países desenvolvidos ou não aprenderam a idolatrar imigrantes, pobres e rejeitados como seus heróis.

E Pelé foi o maior de todos. As gerações mais novas não têm a dimensão do poder que o “rei” exerceu entre os anos 1960 e 1980. Criou uma nova linguagem do esporte e virou referência mundial. Fez o futebol tornar-se um esporte global. Forjou uma identidade nacional no País da desigualdade, mostrando que o talento brasileiro vem também, ou principalmente, da sua diversidade, daqueles que se destacaram nas periferias e nas peneiras para ensinarem ao mundo que um jogo de bola traz muita alegria, mas também é a melhor ferramenta que políticos e sociedades têm para resolverem seus problemas. Esse golaço, assim como aqueles que entraram na história do esporte, precisa ser sempre revisto e revivido por todos.