Ao digitar “peitolé”, como é conhecido o picolé feito de leite materno, no TikTok, por exemplo, aparecem alguns vídeos de bebês experimentando esse tipo de “sorvete”. Por isso a IstoÉ resolveu conversar com dois especialistas para saber como ele deve ser usado e congelado.

O médico ginecologista e obstetra Rogério Tabet afirmou em entrevista ao portal que o “peitolé” ainda não é um consenso entre os pediatras. “Porém alguns médicos falam que após um ano de idade isso poderia ser introduzido. Já outros ressaltam que até os seis meses o leite deve ser exclusivo do peito.”

“Portanto esse tipo de picolé deve ser usado em casos esporádicos, como temperatura elevada e o crescimento dos dentinhos”, completou.

A presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, a Dra. Rossiclei Pinheiro, corroborou essa informação. “Quando os bebês estão na fase oral mais expressiva, eles colocam as mãos na boca o tempo todo, isso pode ser um incômodo, principalmente entre 4 e 6 meses. Neste período as mães podem sim oferecer um ‘picolé’ de leite materno, inclusive como opção para mordedores. É importante ressaltar que a introdução alimentar deve ocorrer a partir de 6 meses”, afirmou.

Para o médico Rogério Tabet, tirando os casos esporádicos, “o ‘peitolé’ pode ser descongelado em banho-maria e não pode ser reutilizado. Depois disso, a mãe deve oferecer o leite para o bebê no prazo máximo de 12 horas”.

Como congelar

A Dra. Rossiclei explicou que, para congelar o leite, a mãe deve “prender os cabelos, usar algo para cobrir a boca e o nariz, lavar bem as mãos e usar forminhas que não tenham Bisfenol A (que é um composto químico para fabricação de plástico)”.

“O ideal é usá-lo em até sete dias, mas não existem trabalhos científicos com avaliações de mudanças na composição. Lembrando que não é uma opção alimentar e sim um estímulo sensorial. Mas a contaminação pode ocorrer na extração do leite do peito. Também é importante ressaltar que o bebê consumir o ‘peitolé’ feito com o leite da própria mãe, por causa dos riscos de amamentação cruzada”, completou.

Desvantagens

Como já foi informado, o ‘peitolé’ deve ser usado apenas em casos específicos e sempre de acordo com a orientação médica. O uso exagerado “pode interferir na pega ao seio materno, portanto esse tipo de picolé deve ser oferecido de forma esporádica e não substituindo o aleitamento materno efetivamente”, explicou a Dra. Rossiclei.

O médico Rogério Tabet aproveitou a oportunidade para ressaltar a importância da sucção, pois ela auxilia a “desenvolver toda a musculatura da mandíbula e há estudos que apontam que a criança que mama por mais tempo tem facilidade na fala, porque a sucção é mais difícil do que o ‘peitolé’ ou oferecer o leite no copinho ou na colher”.

O ginecologista obstetra ainda ressaltou que cada caso deve ser analisado. “A realidade nas periferias, por exemplo, é diferente. Nesse contexto, a mãe vai se adaptar para não que o seu bebê não fique desnutrido. Por isso o ‘peitolé’ não deixa de ser uma alternativa frente a tantas realidades que existem na nossa sociedade”, finalizou.