Durante entrevista em um estúdio de TV, a repórter pergunta a Tarcísio de Freitas onde o candidato a governador de São Paulo vota. Uma pergunta simples, banal. Qualquer cidadão maior de 16 anos, cumpridor de suas obrigações democráticas, sabe responder onde é seu local de votação.

Surpreendido como um garoto que é pego colando na prova, Tarcísio olha para o nada, sem saber a resposta. Esse homem é candidato ao governo de São Paulo – mas não sabe sequer onde vota.

“Um colégio aí”, ele responde, envergonhado, com olhar trêmulo.

“Sabe o bairro? Só para a gente saber qual é o colégio”, emenda a entrevistadora, tentando ajudar.

Silêncio constrangedor. Tarcísio de Freitas, candidato a governador do estado mais populoso, rico e poderoso do Brasil, não sabe nem onde vota, nem o nome do colégio, nem o bairro.

“Fugiu à cabeça?”, a entrevistadora repete, com pena da situação em que colocou, sem querer, o entrevistado.

“Fugiu… à… cabeça”, murmura Tarcísio. Foi pego no flagra.

Essa situação patética ocorre por uma única razão: Tarcísio caiu de para-quedas aqui. Nunca morou em São José dos Campos, onde conseguiu, sabe-se lá como, registrar seu domicílio eleitoral. Não sabe o que é São Paulo, não tem a menor noção dos problemas que os cidadãos paulistas enfrentam, nem tem a mínima ideia do que vai fazer como governador. Cumpre apenas, como o soldado raso que é, as ordens inescrupulosas de seu chefe, Jair Bolsonaro.

São Paulo não precisa de gente assim. Aliás, São Paulo não aceita gente assim. Que vem aqui para se dar bem, para enganar os paulistas, é mandado de volta sem perdão. Gostamos de receber gente do mundo inteiro, somos os melhores anfitriões do planeta. Mas estamos falando de gente decente, direita, que vem aqui para trabalhar, para sonhar com uma vida melhor para a sua família.

Não queremos quem vem aqui para se aproveitar da situação, nem para cumprir missões de caráter duvidoso. Recebemos migrantes e imigrantes dispostos a construir uma São Paulo mais fraterna, mais justa e mais rica, tijolo por tijolo, com sinceridade e sem oportunismo. Tarcísio obter o domicílio eleitoral aqui é uma vergonha para os paulistas. Foi por isso que o Ministério Público de São Paulo solicitou a instauração de um inquérito policial para apurar se Tarcísio cometeu fraude ao registrar sua candidatura. Tarcísio é tão paulista quanto as milícias da Barra da Tijuca.

A outra consequência nefasta da candidatura de Tarcício de Freitas é que o maior estado do País corre o risco de virar um depósito dos perdedores bolsonaristas. Assim que for desalojado do Palácio do Planalto, Bolsonaro e sua trupe de fracassados vai tentar a todo custo manter um sistema de privilégios – e algum tipo de imunidade – para não serem presos ou voltarem às suas medíocres existências. O que pode acontecer, então? Tentarão se alojar no secretariado do Estado de São Paulo, não para trabalhar, nem para construir nada de positivo, mas para se esconder de suas falcatruas.

O voto contra Tarcísio de Freitas é essencial. E a Tarcísio tenho apenas um recado: na próxima entrevista, vê se decora melhor as informações antes de entrar no estúdio. Aqui a gente não gosta de gente incompetente.