Ainda sem poder registrar Fábio Carille, pois não pagou a multa rescisória cobrada pelo time japonês V-Varen Nagasaki, o Santos enviou um representante ao Japão para tentar restabelecer a boa relação com os interlocutores asiáticos e encontrar uma solução para a situação, conforme informado pelo presidente Marcelo Teixeira, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira. Ao comentar sobre o assunto e detalhar o que está sendo feito, o mandatário disse ter sido pego de surpresa com a cobrança. Explicou que tratou das negociações para contratar Carille, que estava no Nagasaki desde 2022 e chegou assinar uma renovação de contrato no final de 2023, por meio do representante do treinador, sem nenhuma menção à multa durante as conversas.

“O representante fez as suas colocações, esclarecimentos com relação ao contato que havia sido feito com o representante do clube japonês. Existiam umas série de ponderações que foram feitas do representante ao clube japonês. Existiam, um exemplo, pelo menos o que foi comentado pelo representante, algumas pendências do clube japonês com o técnico, existia uma insatisfação do técnico em referência ao desenvolvimento do trabalho. A manifestação foi oficialmente feita pelo treinador, isso foi em dezembro. Posteriormente, em janeiro, o clube japonês emitiu uma nota dizendo que aguardava a reapresentação do técnico. Isso nos causou surpresa, acionamos o jurídico imediatamente”, disse o dirigente.

O presidente santista garante que não tem o intuito de tomar uma postura mais agressiva na relação com a diretoria do clube japonês e coloca a responsabilidade da resolução do impasse principalmente nas mãos de Carille e seu representante. De qualquer forma, já se movimentou junto ao departamento jurídico santista para traçar uma estratégia de proteção.

“Não queremos nenhum problema com o clube japonês. Ao contrário, nós daremos transparência àquilo que fizemos no intuito de que o representante (de Carille), o técnico e o clube japonês pudessem dar um desfecho para que o Santos assumisse sua responsabilidade a partir de janeiro. Para nossa surpresa, me parece que não houve ainda este desfecho. Existindo uma possível multa, que nós não temos este conhecimento, em que sentido ela exista, qual a interpretação dela, se existem questões inerentes ao prazo do contrato e possível valor a mais ou a menos do que isso. São discussões que existem na esfera da relação do profissional e seu representante com o clube. O Santos vem acompanhando este processo e está no Japão para manter as boas relações. Queremos observar que o desfecho seja favorável às partes. O departamento jurídico também já avalia uma estratégia no sentido de poder viabilizar essa contratação no intuito de não trazer nenhum prejuízo ao Santos.

O V-Varen Nagasaki fez uma cobrança pública ao Santos para exigir o pagamento da multa, no final da semana passada. Em nota publicada em seu site oficial, o time da segunda divisão japonesa pediu desculpas aos torcedores pela situação e reclamou da falta de retorno da diretoria santista às suas solicitações. Esta foi a segunda nota do Nagasaki sobre o assunto, após uma primeira divulgada em dezembro.

“Pedimos desculpas por causar preocupação em relação ao contrato com o treinador Carille. Conforme informado anteriormente, no dia 20 de dezembro do ano passado, recebemos do técnico Carille a intenção de assinar com o Santos FC. Desde então, foi realizada uma conferência de imprensa local, mas até 5 de janeiro, embora tenhamos solicitado repetidamente procedimentos formais relativos ao contrato, ainda não recebemos uma carta de oferta. Acreditamos que, pelo bem do futuro do futebol japonês, devemos exigir o pagamento da multa pela rescisão unilateral do contrato”, diz o texto assinado pelo presidente do clube, Akito Takada.

O comunicado também informou o que Nagasaki contratou Takahiro Shimohira para comandar a equipe, porém como interino, condição imposta pela indefinição da situação contratual de Carille. “Como os jogadores e staff precisam começar a avançar para esta temporada sem hesitações, acreditamos que esta situação ambígua deve ser resolvida, e celebramos um contrato com o treinador Takahiro Shimohira. Ele assumirá a função de técnico interinamente até que fique claro se o técnico Carille irá sair.”

Carille chegou a renovar seu contrato com o clube japonês, antes de ser procurado pelo Santos. O valor da multa de rescisão estabelecida é de U$$ 1,5 milhão, cerca de R$ 7,4 milhões. Apesar do impasse, o treinador começou os trabalhos no CT Rei Pelé no sábado, data da reapresentação do elenco, e já havia sido apresentado oficialmente ainda no dia 20 de dezembro. Na ocasião, falou sobre a situação com os japoneses, mas não forneceu maiores detalhes.

“Falei com o diretor Takemura, falei com o senhor Akito, passei sobre a minha decisão, tentaram reverter me oferecendo um contrato de mais dois anos, mas havia tomado minha decisão. Em relação a minha saída de lá, eu estava de férias até ontem, quem está cuidando disso é o Marcelo e o Paulo Pitombeira. Não sei para qual caminho está indo”, afirmou na ocasião.