10/01/2020 - 12:00
O socialista espanhol Pedro Sánchez prosseguiu nesta sexta-feira montando seu governo, que será composto por perfis reconhecidos internacionalmente e ministros representando a esquerda radical do Podemos, com quem os socialistas governarão em coalizão.
Reconduzido ao poder na terça-feira pelos deputados, o socialista tem anunciado desde quinta-feira os nomes dos membros da futura equipe cuja composição ele deve comunicar oficialmente ao rei Felipe VI no domingo, antes da tomada de posse na segunda-feira e da primeira reunião de gabinete na terça-feira.
Uma das raras surpresas em seu gabinete, Arancha Gonzalez Laya, especialista em comércio internacional de 50 anos e ex-chefe de gabinete de Pascal Lamy na Organização Mundial do Comércio (OMC), foi nomeada ministra das Relações Exteriores.
Atual diretora do Centro Internacional de Comércio, Gonzalez chefiará um ministério anteriormente ocupado pelo chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, “no qual a diplomacia econômica terá prioridade”, disseram os serviços de Sánchez.
Essa especialista será mais uma de perfil de “prestígio reconhecido”, como o socialista gosta de dizer, dentro do governo espanhol.
Sánchez reconduziu sua ministra da Economia Nadia Calviño, promovida a vice-presidente encarregada dos assuntos econômicos, e Teresa Ribera, sua ministra de Transição Ecológica, também promovida a vice-presidente encarregada dessa questão.
O executivo terá uma terceira vice-presidente, Carmen Calvo, a verdadeira número dois de Sánchez, que já ocupa esse cargo desde 2018 e será notavelmente responsável pela complexa questão das relações com um parlamento muito fragmentado, onde o governo estará em minoria.
– Calviño contra Iglesias –
Especialista reconhecida em questões climáticas, Ribera, de 50 anos, chefiou o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais em Paris.
Diretora do orçamento da Comissão Europeia desde 2014, Nadia Calviño, de 51 anos, havia chegado de Bruxelas para entrar em junho de 2018 no primeiro governo de Sánchez como garantia do cumprimento dos compromissos orçamentários europeus da Espanha.
Um papel que ela continuará a desempenhar no novo governo diante do quarto vice-presidente, líder do partido radical de esquerda Podemos, Pablo Iglesias, responsável pelos direitos sociais.
Iglesias garantiu que “negociou um programa muito moderado, precisamente tendo a Europa em mente”.
“Estamos plenamente conscientes de que existem limites”, acrescentou.
Entrando no governo pela primeira vez, Podemos, herdeiro do movimento dos Indignados, e seus aliados na coalizão Unidos Podemos ocuparão um total de cinco posições no novo governo, incluindo o de Iglesias.
A companheira deste último, Irene Montero, será responsável pela pasta da Igualdade, enquanto os ministérios do Trabalho e Assuntos do Consumidor irão para os comunistas Yolanda Diaz e Alberto Garzon e o ministério das Universidades para o sociólogo Manuel Castells, próximo ao movimento Podemos.
Outros pesos-pesados socialistas foram reconduzidos em seus cargos, como o ministro dos Transportes, José Luis Abalos, o homem de confiança de Sánchez.
Pedro Sánchez, que obteve a confiança da Câmara graças à abstenção de uma parte dos separatistas catalães, governará em minoria.
Socialistas e Podemos somam apenas 155 deputados de 350. Desta forma, Sánchez terá que negociar todas as suas leis, começando pelo orçamento, enquanto governa desde junho de 2018 com um orçamento herdado do governo conservador anterior .