Pedro Nercessian, 40 anos, está no elenco da aguardada série “Ângela Diniz”, que estreou na última quinta-feira, 13, na HBO Max. Na produção, que relata o real caso do assassinato da socialite brasileira Ângela Diniz, ele interpreta Otávio, milionário carioca, casado, que tem um romance com Ângela quando ela chega a Rio de Janeiro.
Com 24 anos de carreira, o ator também tem se dedicado nos últimos dois anos a trocar experiências com seu público de maneira mais regular com vídeos que falam sobre relações humanas e evolução pessoal. Muitos deles atingem milhões de visualizações.
Carioca, Pedro Nercessian estreou na TV em 2001 em “O Clone”, novela de sucesso de Glória Perez exibida em horário nobre na Globo. Depois vieram dezenas de novelas e séries, como “Malhação”, “Justiça” e “A força do querer”, todas na mesma emissora. Também vem sendo cada vez mais conhecido pelo público da Record, onde fez “Reis” e “Amor sem igual”. Em seu último trabalho na emissora em “Paulo, o apóstolo” interpretou o personagem Bispo Tiago, liderança na igreja primitiva nos primeiros anos do cristianismo.
Além de ator, Nercessian é diretor, produtor e gestor cultural. Em seu currículo constam o cargo de diretor de programação do Teatro do Retiro dos Artistas, voltado para espetáculos para crianças e terceira idade, produção da famosa Festa Chá da Alice e direção de peças e shows como o da cantora Anitta.
Em bate-papo para IstoÉ Gente, o artista falou sobre o desafio de fazer a nova série e contou um pouco da sua trajetória na dramaturgia.
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Você está no elenco de “Ângela Diniz”, na Max. O que pode contar sobre seu personagem?
Otávio é o primeiro homem com quem Ângela se envolve ao chegar no Rio de Janeiro. Típico bon-vivant aproveitando o frenesi dos anos 70. Ela, que buscava ares menos provincianos, descobre com ele que essa liberdade que a cidade sugere não vale pra todo mundo. Ele, que é um homem casado, cobra dela uma fidelidade que nunca esteve no acordo, na verdade nunca nem houve acordo. Otávio representa essa hipocrisia.
E como foi fazer parte de um projeto que relata um dos assassinatos mais impactantes do país?
Por mais que minha parte represente esse suspiro de (falsa) liberdade dos primeiros momentos de Ângela no Rio, onde a euforia era o sentimento mais presente em cena, é sempre pesado falar de um crime, ainda mais um crime real. A imagem de Ângela nunca saiu da minha cabeça desde que eu vi sua foto pela primeira vez aos 16 anos no Museu da Polícia, no centro do Rio. Nunca imaginei que um dia ajudaria a contar essa história.
E como foi voltar a contracenar com Marjorie Estiano depois de Malhação? Aliás, o que o Pedro de Malhação de 2004 diria para o Pedro de hoje? Como analisa sua trajetória?
Certas coisas nunca mudam. Imagina aqueles colegas que corriam de Kart se encontrando na Formula 1. É completamente diferente, mas o DNA, o estilo é o mesmo. Eu já pensei em muitas respostas do que dizer pra quele garoto da Malhação: calma, coragem, vai dar certo. Mas hoje penso que o melhor seria não dizer nada, e deixar ele aprender com a vida mesmo. Ou apenas pagaria uma terapia pra ele aprender a lidar melhor com toda essa loucura que é a vida de ator.
Nas redes sociais, você tem feito muitos vídeos aconselhando sobre relações e sobre a vida. Como surgiu essa ideia? E na hora que você precisa de um conselho, recorre a quem?
Eu falava sobre muita coisa, História, Teatro, mitologia… mas os vídeos sobre relações sempre faziam mais sucesso. E quando eu quero um conselho eu revejo meus vídeos, a grande verdade é que quase todos eles são conselhos pra mim mesmo.
Num dos vídeos recentes, aliás, você fala sobre viver de poesia. Onde você busca inspiração para viver na poesia?
A profissão do ator é baseada no lúdico, no que existe sem existir. Por muitos anos achei que isso era algo menos sério. Até entender que não tem nada mais sério do que o simbólico. As narrativas movem o mundo pra direita ou pra esquerda. Já fez a gente acreditar em Reis e Rainhas, faz muita gente acreditarem que pessoas de um país são melhores que outras e já fez até pessoas acreditarem que em nome de legítima defesa da honra se tem o direito de tirar a vida de alguém. Ou seja, a poesia inspira meu trabalho como ator e meu trabalho como ator inspira minha poesia.
Você também é diretor, produtor….O que mais teremos de novidades suas em breve?
Produzo há mais de 15 anos a peça “Amanheceu”, que fala sobre violência contra a mulher e hoje circula pelo projeto Atitude Positiva nas escolas públicas do Rio, uma outra abordagem sobre o mesmo tema da série. Mas tenho gostado cada vez mais de me comunicar pela internet. Certamente será por lá (ou por aqui) minhas próximas criações.
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