Caberá a Cristiano Zanin, frequentemente criticado no bolsonarismo pela proximidade com Lula, decidir se haverá investigação no STF contra o senador bolsonarista Jorge Seif, do PL de Santa Catarina, por apologia à violência policial.
Como mostrou a coluna, a Justiça Federal de São Paulo remeteu ao Supremo uma notícia de fato protocolada por um cidadão junto ao Ministério Público Federal contra Seif. O pedido é para que o senador, que tem foro privilegiado, seja investigado por ter dado declarações em apoio ao policial militar que arremessou um entregador de uma passarela na capital paulista. O caso ocorreu no início de dezembro e o PM foi indiciado por tentativa de homicídio.
Os documentos da Justiça Federal chegaram ao STF na terça-feira, 21, e, no dia seguinte, foram distribuídos por sorteio ao gabinete de Cristiano Zanin.
Segundo o MPF, a notícia de fato contra Jorge Seif foi aberta para apurar possível delito de apologia a crime ou criminoso, cuja pena é de três a seis meses de detenção ou multa. Caberá a Zanin decidir se o caso terá sequência ou não no âmbito do Supremo.
“Deveriam ter jogado do penhasco”
As declarações sobre o caso do PM paulista que basearam a queixa contra Jorge Seif foram dadas por ele nas redes sociais.
“O erro dos policiais foi ter jogado o meliante em um córrego. Deveriam ter jogado do penhasco”, escreveu o senador no Twitter em 4 de dezembro, ao manifestar “apoio incondicional” à PM de São Paulo e ao secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite. Depois, Seif apagou a publicação.
Em 9 de dezembro, o senador bolsonarista reconheceu no plenário do Senado que havia divulgado informações falsas sobre a vítima. “Eu fiz uma manifestação nas minhas redes sociais até dura, agressiva e, ao final, descobrimos que na verdade o rapaz era um entregador de aplicativo”, disse o senador, que repudiou “excessos, abusos de poder e agressões contra a sociedade, especialmente desarmada”.