ROMA, 16 OUT (ANSA) – Peças de cerâmica que estavam em um navio que afundou há cerca de 2,6 mil anos no Estreito de Otranto, em uma área marítima entre a Itália e Albânia, foram recuperadas por arqueólogos da Superintendência Nacional para o Patrimônio Cultural Subaquático, anunciou o governo italiano neste sábado (16).   

Segundo o ministro dos Bens Culturais da Itália, Dario Franceschini, essa é a primeira vez que uma operação desse tipo é realizada em tanta profundidade. Os itens estavam a cerca de 780 metros.   

Já a superintendente Barbara Davide classifica a operação como “sensacional” porque ajudará a entender melhor o comércio que ocorria na região da Magna Grécia, como era chamado o sul da península itálica que foi colonizado pelos gregos entre os séculos 8 a.C. e 7 a.C.   

Ânforas, jarros e uma grande quantidade de taças de cerâmica para vinho que seriam usadas pela elite da época foram encontradas empilhadas e “acondicionadas” dentro de grandes vasos.   

De acordo com os pesquisadores, essa “embalagem” tinha a missão de evitar a quebra durante as tensas viagens marítimas. Além disso, dentro de algumas ânforas ainda haviam restos de alimentos e de azeitonas.   

Até o momento, foram retiradas do mar 22 peças, mas estima-se que há 220 itens no naufrágio.   

“Uma grande descoberta que demonstra a necessidade de voltar a investir na arqueologia subaquática”, disse ainda Franceschini anunciando que o Ministério quer iniciar um novo projeto nesse sentido em breve.   

Conforme relatou Davide à ANSA, o navio foi localizado graças ao que chama de “arqueologia preventiva”, que faz estudos com base em alta tecnologia de áreas que podem mapear áreas de interesse.   

A descoberta do naufrágio ocorreu a 22 milhas náuticas da terra.   

No entanto, a superintendente ressalta que a maior surpresa veio da análise de laboratório, de que as primeiras peças recuperadas eram muito mais antigas do que se acreditava. “Não pensávamos que entre a Magna Grécia e a pátria-mãe poderia haver um comércio tão organizado já nessa época”, pontuou ainda Davide.   

(ANSA).