SÃO PAULO, 21 AGO (ANSA) – Por Luciana Ribeiro – A história de um encontro de poder, convicção e humanidade entre o então papa Bento XVI e o cardeal Jorge Mario Bergoglio para discutir o futuro da Igreja Católica retorna aos palcos de São Paulo a partir desta sexta-feira (22), estrelada por Celso Frateschi e Zé Carlos Machado.
Baseada no texto de Anthony McCarten, autor da adaptação indicada ao Oscar, a peça ganhou sua primeira montagem internacional no Brasil, com direção original de Munir Kanaan, e poderá ser vista até 13 de setembro, no Teatro Cultura Artística, na Consolação. Os ingressos variam entre R$ 100 e R$ 180.
Repleta de reflexões, fé e transformação, “Dois Papas”, que já brilhou nos palcos de Londres e foi adaptada pela Netflix – obra dirigida por Fernando Meirelles -, destaca o convite inesperado recebido pelo então cardeal Bergoglio para se reunir com Bento XVI em um momento em que o argentino está determinado a pedir sua aposentadoria, insatisfeito com a forma como Joseph Ratzinger tem conduzido a Igreja.
Paralelamente, Bento XVI cogita a renúncia ao seu pontificado devido a pressões e desafios crescentes. Em meio a esse cenário, Bergoglio emerge como um improvável candidato à sucessão.
Durante a conversa, visões de mundo se chocam e segredos são compartilhados. A trama segue um rumo inesperado, e o cardeal argentino se depara com uma oportunidade que pode alterar o destino da Igreja.
Em entrevista à ANSA, o diretor da peça, Munir Kanaan, destaca que a obra, cujo foco “é a discussão humana, ideológica e espiritual”, “emociona por si só” e é provocativa, “porque é um encontro de estilos diferentes e cheios de contradições, assim como são as relações”.
“Desde quando tive a ideia, quero iluminar a possibilidade e a necessidade de diálogo e escuta, porque é uma peça um pouco sobre isso”, afirmou ele, lembrando que o “mundo está polarizado”.
Entre conflitos, segredos e momentos de respeito mútuo, a peça revela a humanidade por trás das figuras papais, mostrando que as vestes sagradas escondem dilemas, dúvidas e decisões que podem mudar a história.
Com um embate tão forte, também foi preciso encontrar dois intérpretes de grande presença no teatro nacional e com talentos inquestionáveis.
“Eu precisava de dois atores para representar o que esses dois papas representam na igreja, então precisava de dois ‘papas do teatro’, sobretudo com personalidades diferentes”, contou Kannan sobre a escolha de Frateschi e Machado para dar vida a Bergoglio e Ratzinger, respectivamente.
Além dos dois, o elenco ainda conta com “duas vozes femininas fortes”: a atriz Eliana Guttman, que interpreta a Irmã Brigitta, amiga de Bento XVI e responsável por estimulá-lo a se manter firme em suas convicções; e Carol Godoy, a freira Sofia, que ficou órfã durante a ditadura na Argentina e encontrou esperança no discurso de Bergoglio.
Para Kannan, a “função dramática dessas duas personagens é muito importante”, principalmente para a introdução da peça e apresentação ao público do embate entre Bento XVI e daquele que viria a ser Francisco: “Elas ajudam a revelar a alma dos protagonistas.” (ANSA).