A proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios é uma das coisas mais vergonhosas já apresentadas na história do País – e olha que a disputa entre assuntos vergonhosos é dura.
Precatórios, para quem não sabe, são dívidas que o governo tem com a população. São definidas pela Justiça, mas como as decisões judiciais que beneficiam a população são lentas e ineficazes, essas ações podem demorar décadas para serem julgadas. O cidadão que foi passado para trás pelo governo tem de correr atrás do prejuízo, investindo em advogados e esperando o tempo que os juízes achar conveniente. Muita gente morre antes, deixando a solução do problema para filhos e, muitas vezes, netos.
Quando sai uma decisão judicial favorável ao cidadão é uma festa. Ou, pelo menos, é o que as pessoas pensam. Esquecem, no entanto, que no Brasil a população tem que obedecer às leis, mas os políticos, não. É isso que está acontecendo com essa PEC criminosa: o governo quer usar o dinheiro que ele deve pagar à população para outras coisas. Segundo o ministério da Economia, a aprovação da PEC dos Precatórios pode liberar R$ 91,6 bilhões para o governo gastar em 2022. Ou seja: eles querem deixar de pagar a dívida que tem com a população brasileira para torrar com a eleição.
O governo garante que isso permitirá distribuir R$ 400 do “Auxílio Brasil”, nome diferente para o Bolsa Família. Diz também que vai pagar gastos da pandemia. O que eles não dizem é que essa manobra é necessária porque eles não querem tirar dinheiro do orçamento secreto, que é um nome pomposo para uma rachadinha institucionalizada entre congressistas governistas.
Em português claro: quem tem precatórios a receber levará um calote. E pensar que a presidente Dilma Rousseff caiu por muito menos…