ROMA, 27 JAN (ANSA) – No mesmo dia em que o presidente italiano, Sergio Mattarella, realizou a primeira rodada de consultas sobre a crise política no país, membros do Partido Democrático (PD) e do Movimento 5 Estrelas (M5S) mantiveram o apoio ao premiê demissionário Giuseppe Conte para liderar um possível terceiro governo.   

Na manhã desta quarta-feira (27), as lideranças nacionais do PD se reuniram online e votaram por unanimidade a favor da proposta do secretário da legenda, Nicola Zingaretti, de pedir para Mattarella confiar ao premiê um novo mandato.   

O líder da centro-esquerda italiana disse que fará o pedido com o objetivo de Conte “dar vida a um governo que aceite o seu apelo a um novo governo pró-europeu e que possa contar com uma ampla base parlamentar”.   

“Não devemos ter como objetivo restaurar a Itália que existia antes, mas sim construir uma nova. Por isso não podemos entregar o nosso país a este direito”, acrescentou Zingaretti, ressaltando que não defende e nem quer “eleições políticas antecipadas”.   

O desejo de conceder a Conte a possibilidade de governar pela terceira vez também foi expressado por expoentes do M5S. Segundo fontes, o partido fará a mesma proposta do PD durante a consulta com o chefe de Estado.   

Para a sigla liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, o premiê demissionário “representa um ponto de referência e garante a formação de um novo governo”. “Estou trabalhando ao lado dele, com a maior lealdade, para encontrar uma solução para esta inexplicável crise”, garantiu o chanceler.   

O Itália Viva (IV), do ex-premiê Matteo Renzi e responsável pela atual crise após deixar a base aliada, alegou não ter veto contra o retorno de Conte com uma nova plataforma de política, mas está jogando suas cartas com força.   

“Conte não é a única opção. Não queremos discutir nomes, vamos primeiro nos concentrar nas políticas “, disse Teresa Bellanova, senadora e ex-ministra da Agricultura.   

Se Mattarella der a Conte a função de montar um novo governo, Conte precisará obter uma maioria sem necessitar do partido de Renzi. Caso não consiga apoio suficiente, o presidente pode pedir a outro candidato para tentar formar um governo ou dissolver o parlamento e convocar eleições dois anos antes do previsto – este seria seu último recurso.   

Mais cedo, foi anunciada a criação de um novo grupo parlamentar de apoio a Conte, com 10 políticos de algumas siglas menores de direita. Em resposta, Renzi publicou um vídeo no Facebook e classificou a “constituição de grupos improvisados” como “um autêntico escândalo”.   

“Graças à Teresa [Bellanova], à Elena [Bonetti] e ao Ivan [Scalfarotto] abrimos mão dos nossos lugares porque queremos fazer prevalecer as nossas ideias”, disse o ex-premiê.   

Enquanto isso, o líder da Liga e ex-ministro do Interior, Matteo Salvini, propôs um governo de centro-direita como alternativa à votação que, para ele, continua sendo o caminho a seguir.   

O partido Força Itália (FI), do ex-primeiro-ministro Silvio Berluconi, por sua vez, não é muito favorável a um novo pleito – buscando um novo governo de centro-direita.   

Nesta tarde, inclusive, o senador da legenda Luigi Vitali anunciou sua saída do FI por decidir apoiar Conte. (ANSA)