ROMA, 21 AGO (ANSA) – A direção do Partido Democrático (PD) aceitou nesta quarta-feira (21) que seu líder, Nicola Zingaretti, realize negociações com o Movimento 5 Estrelas (M5S) na tentativa de formar uma coalizão para o novo governo da Itália, após a renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte. Em um documento aprovado por unanimidade, o secretário da legenda de centro-esquerda fixou os pontos que constituirão a base da negociação com o partido do vice-premier e ministro do Desenvolvimento Econômico, Luigi Di Maio. Segundo Zingaretti, o PD “pretende concentrar a sua iniciativa no lançamento de uma nova fase política e na verificação de outra possível maioria parlamentar nesta legislatura”.   

“O governo, que caiu ontem, foi um dos piores da história da República. Depois de 14 meses falhou. Para o país, o legado desse governo é dramático”, acrescentou no relatório. O texto cita os cinco principais pontos para as negociações. O primeiro, é “o compromisso e lealdade para com a União Europeia (UE) por uma Europa profundamente renovada, com direitos, liberdades, solidariedade e sustentabilidade ambiental e social, além de respeito pela dignidade humana em todas as suas expressões”. Outra condição é o “pleno reconhecimento da democracia representativa incorporada nos valores e regras desenhadas na Constituição pela centralidade do Parlamento”. Além disso, o partido do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi defende “investimento com base na sustentabilidade ambiental e um novo modelo de desenvolvimento”. O quarto item do documento pede “um profundo ponto de inflexão na organização e gestão dos fluxos migratórios, com base nos princípios de solidariedade, legalidade, segurança, direitos humanos, em plena conformidade com as convenções internacionais e em estreita corresponsabilidade com instituições e governos europeus”. Por fim, a legenda de centro-esquerda ressalta a necessidade de uma “virada nas receitas econômicas e sociais para marcar imediatamente um governo de renovação em uma chave redistributiva e atenção à igualdade social, territorial, geracional e de gênero. As regras abordam as prioridades na frente de trabalho em setores como saúde, educação, meio ambiente e justiça. “Evitar o aperto da pressão fiscal a partir da necessidade de bloquear, com a próxima lei orçamentária, o aumento esperado do ICMS”, diz o texto. Durante discurso, Zingaretti afirmou que sente “todo o peso e a complexidade do desafio” e ressaltou que vai orientar o processo “com total desinteresse pessoal, com a máxima transparência, sem segundas intenções”. O secretário ainda defendeu que não acredita em “um governo de transição que leve à votação”. Segundo ele, seria arriscado para os democratas e para o país. A partir disso, em meio às consultas, “devemos dar disponibilidade se houver possibilidade de uma nova maioria parlamentar capaz de dar respostas sérias aos problemas do país”. “Estou muito feliz e muito satisfeito com o nível de unidade e compacidade que encontramos na liderança do partido que, pela primeira vez em muitos anos, votou e me deu um mandato por unanimidade. Estamos prontos para relatar nossa disponibilidade total ao presidente Mattarella”, finalizou Zingaretti. Nas últimas semanas, em meio à grave crise política deflagrada na Itália, fontes italianas têm acreditado na possibilidade do PD e o M5S se unirem, apesar da oposição histórica de um ao outro (durante o governo do PD, o M5S foi um dos maiores opositores). Os dois partidos preferem que as legendas cheguem a um consenso para indicar um novo premier, evitando assim a convocação de novas eleições.   

Hoje, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, inicia as consultas com líderes dos partidos para tentar definir o futuro do governo. (ANSA)