PCC tem ao menos 49 empresas usadas para lavar dinheiro; lista vai de padaria até fintechs

A Polícia Civil de São Paulo investiga 49 empresas de diversos ramos da economia, como padaria, lojas de carros e fintechs, por envolvimento com o crime organizado. Segundo as investigações, elas fazem parte de uma rede de prestadoras de serviço do Primeiro Comando da Capital (PCC) e atuam lavando dinheiro da facção. Ao todo, foram bloqueados R$ 6 bilhões das contas dos investigados.

“Essas empresas eram usadas apenas para lavagem de dinheiro. Elas se aproximavam de criminosos do tráfico de entorpecentes, estelionato. Esse dinheiro sujo, oriundo do crime, passava por essas empresas”, explica o delegado-geral Artur Dian.

Duas das empresas têm elo com Kauê do Amaral Coelho, olheiro do PCC envolvido no assassinato de Vinicius Gritzbach, delator da facção, executado no Aeroporto de Guarulhos no ano passado.

“Criminosos já conhecidos da polícia, identificados por nós e procurados pela Justiça, tinha relação comercial com essas empresas. Um deles é o participe da morte do Vinicius Gritzbach (Kauê). Isso demonstra a ligação do crime organizado com essas 49 empresas que são alvo da operação desta quinta-feira, 04.

O delegado e diretor do Deic, Ronaldo Sayeg, afirma que pelo menos duas empresas efetuaram depósitos para que Mateus Brito que, por sua vez, efetuou depósito para Kauê Coelho, ambos envolvidos na morte de Gritzbach.

“Isso evidenciou que o PCC estava por trás dessas empresas, ou melhor, utilizava essas empresas para lavar seus capitais”.

Mansões, barcos e carros de luxo

Batizada de Operação Falso Mercúrio, a ação envolve o cumprimento de 54 mandados judiciais, sendo seis de prisão e 48 de busca e apreensão na capital paulista e na Grande São Paulo.

Nenhum dos suspeitos tinha sido preso até as 12h50 desta quinta. A polícia, entretanto, descarta que a operação tenha sido vazada. “Eles não estavam no local. Pode ter sido um golpe de sorte. Mas não há indício de vazamento”, diz Sayeg.

A Justiça determinou o sequestro de 49 imóveis, de três embarcações e 257 veículos em nome dos investigados. Pelo menos 20 pessoas físicas e outras 37 jurídicas tiveram as contas bloqueadas.

Segundo as investigações, os criminosos montaram uma estrutura sofisticada de lavagem de dinheiro proveniente de crimes como tráfico de drogas, estelionato e jogos de azar.

“Essa rede operava com três núcleos principais: coletores, responsáveis por arrecadar os valores ilícitos; intermediários, encarregados de movimentar e ocultar os recursos; e beneficiários finais, que recebiam o dinheiro já legitimado. Cada um com funções distintas e estruturadas para fazer com que o esquema funcionasse”, afirmou a SSP.

O nome da operação, Falso Mercúrio, faz alusão ao Deus do comércio e dos trapaceiros na mitologia romana.