O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, está por um fio no cargo e decidiu tomar uma atitude. Mas, em vez de pedir para sair e botar um pijama, ele resolveu dar uma reciclada na comunicação do Ministério para recuperar, por meio de propaganda, sua imagem destroçada. Para isso ele contratou o hipnólogo, mentalista e palestrante motivacional Marcos Arnoud Marques, conhecido como Markinhos Show, para ser seu subsecretário de assuntos administrativos, no lugar no coronel Alexandre Martinelli Cerqueira, que não atendeu às necessidades do ministro. Pazuello quer escapar das críticas que sofre pelos erros sucessivos no combate à Covid-19. Markinhos era secretário de comunicação do governo de Roraima e terá um salário de R$ 13,6 mil. Ele é conhecido por dar informações equivocadas nas mídias sociais e no seu site “venda para o cérebro”.

O que mantém Pazuello no governo é sua utilidade para o presidente Jair Bolsonaro, que usa o ministro como saco de pancada. Nessa altura ele não tem outra serventia. Com a defesa de tratamentos inadequados para a Covid-19, a demora na compra e distribuição de vacinas e a inoperância para evitar o colapso em Manaus, Pazuello achincalha a medicina e envergonha as Forças Armadas, que questionam a presença de um oficial da ativa em um alto posto do governo. Depois de perder a batalha decisiva da vacinação, Pazuello ainda continua promovendo a cloroquina e o “tratamento precoce”, num exercício de charlatanismo. Embora tenha negado que seja garoto-propaganda, um aplicativo lançado, terça-feira 19, pelo ministério, batizado de TrateCov, sugere a prescrição de hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxicilina no tratamento da doença, até para bebês e idosos. Dois dias depois, o aplicativo foi tirado do ar. Na segunda-feira 18, em reunião com governadores, Pazuello comunicou, com grande atraso, o início da vacinação no País com a Coronavac, do Instituto Butantan.

Investigação do MPF

Cometendo erros graves, inclusive em logística, que seria sua especialidade, Pazuello tem tudo para cair em breve. A Rede Sustentabilidade pediu que o STF afaste o ministro imediatamente do cargo, por causa da condução desastrosa da pandemia que levou a milhares de mortes. O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas investiga o ministério por causa de uma paralisação do transporte de oxigênio pela Força Aérea Brasileira (FAB) na véspera do colapso em Manaus. Diante da suspeita de que autoridades com fórum privilegiado possam ter envolvimento com a paralisação, o procurador da República Igor Spíndola enviou a parte criminal do inquérito ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Na quarta-feira 20, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a abertura de uma fiscalização contra o Ministério e Pazuello para apurar o caso. O cerco se fecha sobre o ministro e seu tempo no cargo parece se esgotar. Pelo jeito, nem Markinhos Show será capaz de salvar sua pele.