No leste da Ucrânia, onde as forças invasoras russas avançam lentamente em combates intensos passo a passo, os soldados ucranianos na linha de frente consideram os esforços de paz promovidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma causa perdida.
“A guerra continuará enquanto a Rússia continuar sendo o que é”, afirma Vitali, um militar ucraniano de 45 anos que preferiu não revelar seu nome completo em conformidade com o protocolo militar.
“Esses bárbaros não vão parar até que sejam detidos à força. Eles só entendem a força”, explica à AFP.
Na segunda-feira (18), o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e Trump se reuniram com os aliados europeus de Kiev para apresentar uma frente unida e impulsionar uma cúpula com o presidente russo Vladimir Putin para pôr fim a uma invasão que já entra em seu quarto ano.
A reunião terminou com Trump pressionando por um encontro bilateral entre Putin e Zelensky, que destaca que o conflito só pode ser resolvido por meio de conversas entre líderes.
Em Kramatorsk, a cidade ucraniana mais importante ainda sob controle de Kiev na região oriental de Donetsk, Vitali se mostra categoricamente contra a possibilidade de uma reunião entre os dois chefes de Estado.
“Não se deve negociar com um criminoso internacional nem fazer qualquer concessão a ele, porque não é confiável”, ressalta.
A invasão russa da Ucrânia, lançada pelo Kremlin em fevereiro de 2022, desencadeou os combates mais sangrentos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados.
Oleg, um soldado ucraniano de 22 anos, comenta que está perdendo o interesse após ver várias rodadas de negociações entre Kiev e Moscou chegarem ao fim sem avanços.
“Estou em guerra há vários anos”, diz, lembrando que nas rodadas anteriores sentiu alguma expectativa. “As coisas estão indo de mal a pior na linha de frente”, lamenta.
Anton, de 32 anos, funcionário de uma armazém que mora na capital ucraniana, aponta que provavelmente as conversas se estenderão muito e não acabarão com o conflito.
“Eles podem se reunir quantas vezes quiserem, mas Putin não está interessado e Trump também não sabe bem o que fazer”, declara no centro de Kiev.
“A Rússia é como um valentão e deve ser detida como tal. Tentar negociar com um valentão não faz sentido”, acrescenta.
Na cidade ocidental de Lviv, Ostap Shavel, de 32 anos, opina que as negociações foram “apenas um espetáculo” e que ninguém realmente sabe o que vai acontecer.
“Acho que esta guerra poderia durar não um ano, nem dois, nem cinco, mas décadas. Mesmo que, de alguma forma, o conflito fosse congelado, mais cedo ou mais tarde ele seria retomado”, enfatiza.
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