O encontro de João Doria com Eduardo Leite na quarta-feira, 8, em São Paulo, deu início ao processo de pacificação do PSDB após as tensas prévias que escolheram, em novembro, o governador de São Paulo como candidato do partido a presidente. Doria convidou Leite a escolher temas para a campanha presidencial tucana no ano que vem. “Como ele não pode participar da parte operacional por ter que continuar a governar o estado do Rio Grande do Sul, por óbvio, sugeri que ele tenha esse papel temático e conceitual do programa de governo”, disse Doria à ISTOÉ. Leite mostrou-se disposto a contribuir com a formulação das propostas. “Ficamos de voltar a nos falar em janeiro. Deixei-o à vontade para ele decidir como participar”, disse o paulista. Leite teve 44% dos votos nas prévias e Doria, 54%.

Unidade

O presidenciável considerou a conversa positiva. “Ficaremos juntos pelo Brasil”, disse ele. Assessores contam que Doria pretende visitar todos os estados a partir de janeiro para unificar o discurso da campanha, que objetiva, principalmente, unir os descontentes tanto contra a volta de Lula quanto contra a permanência de Bolsonaro no poder.

Moro

O PSDB conversa também com outras legendas que desejam fortalecer uma candidatura da terceira via, como MDB, União Brasil (PSL e DEM) e Podemos, de Sergio Moro. Doria se reuniu com o ex-juiz na semana passada para dialogar sobre o
País, mas lembra que discutir uma composição de forças é prematuro e que o assunto só será tratado depois de abril.

O assédio ao PSB

Divulgação

Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT) travam um verdadeiro cabo de guerra pelo apoio do PSB, no campo da centro-esquerda. Enquanto o petista está praticamente fechado com os socialistas pernambucanos, como o prefeito João Campos (Recife), que são os que realmente mandam no partido, o pedetista corre atrás de outras forças da legenda, como o governador Renato Casagrande (ES), com quem se encontrou no sábado, 11.

Retrato falado

“O duro de ser vice é ter que aguentar o que o outro faz” (Crédito:Divulgação)

A empresária Luiza Trajano foi o centro das atenções de um seminário realizado na sexta-feira, 10, no STF, para discutir o papel da mulher na Justiça. Sob a presidência de Rosa Weber, a economista Maria Silvia, ex-presidente do BNDES, com apoio da ministra Cármen Lúcia, pediu que ela disputasse a presidência. Em resposta, Luiza informou que não será candidata a nada, nem mesmo a vice: “a minha ambição é criar o maior movimento político do mundo, o Mulheres do Brasil”.

Benesses eleitoreiras

Bolsonaro sabe das dificuldades para se reeleger e, portanto, furou o teto de gastos e arrombou os cofres públicos para garantir apoios. Não se trata apenas de liberar o orçamento secreto de R$ 16 bilhões ou dar mais de R$ 5 bilhões para aumentar o fundo eleitoral para os amigos. Está indo além. Sem nenhum pudor, vem prometendo até reajustes salariais aos servidores em 2022. Esse benefício, em ano eleitoral, é mero caça-votos e até imoral, num País com 20 milhões de pessoas passando fome.
“O reajuste seria de 3%, 4%, 5%, 2%, que seja 1%”, disse ele. Um aumento de 5%, contudo, representa um gasto permanente de R$ 15 bilhões. E o Orçamento não tem dotação para isso.

Calote

Ele prometeu reajustar o funcionalismo caso o Congresso aprovasse a PEC dos Precatórios (calote de R$ 89 bilhões). Parte desse dinheiro, porém, já está sendo usada para pagar o Auxílio Brasil a famílias pobres – nova jogada eleitoral, pois esse programa nada mais é do que o Bolsa Família com outro nome.

Toma lá dá cá

Deputado Hugo Leal (PSD-RJ), relator do Orçamento de 2022 (Crédito:Marcos Oliveira)
Marcos Oliveira

Ainda falta transparência às emendas de relator?
O momento agora é de avaliar as modificações feitas do ponto de vista da resolução do Congresso e do Executivo. É importante essas coisas terem acontecido para que se preste mais atenção ao Orçamento.

Por que essas emendas ficavam restritas a um pequeno número de parlamentares?
Por causa da falta de transparência. Não digo que não possa ter tido desvios, mas se houve lá na ponta, e se alguém se aproveitou do dinheiro, isso tem que ser investigado.

Qual deve ser o principal problema na elaboração do Orçamento em 2022?
O maior deles será buscar alternativas para a manutenção do Auxílio Brasil, por uma questão de sobrevivência para muitas famílias que dele dependem.

A ONU na escuta

Como Bolsonaro é inapto no exterior, autoridades brasileiras estão se dirigindo à sede da ONU, em Nova York, para dialogar
com o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres. Ele recebeu na sexta-feira, 11, o ministro Luiz Fux, que mostrou-lhe os trabalhos que a Justiça faz para combater os desmandos na área dos direitos humanos no Brasil.

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Independência

Fux explicou ainda a Guterres que o STF opera com total independência, sem se subjugar ao governo, que nem sempre age com respeito à Constituição – a principal missão da Corte é defendê-la. Antes de Fux, o secretário-geral recebeu, há 15 dias, o governador João Doria, também em Nova York. Já Bolsonaro não é recebido por ninguém importante no exterior.

Tensão no STF

Ricardo Borges

O clima ficou tenso nas vésperas da posse do ministro André Mendonça no STF, na quinta-feira, 16: o Supremo exigiu que Bolsonaro fizesse teste anti-Covid. A solenidade começou depois que o novo ministro, pastor pentecostal, entrou no tribunal ladeado por Lewandowski (o decano Gilmar Mendes estava em Lisboa e avisou que não compareceria) e pelo mais novo membro, Kássio Marques.

Rápidas

* Lula e Bolsonaro não diferem no radicalismo para atrair seguidores. Enquanto o capitão reverbera disparates para instigar os fanáticos, Lula defende as ditaduras latino-americanas. Na semana passada, na Argentina, elogiou os ditadores Hugo Chávez e Evo Morales.

* Sergio Moro terá que engolir sapos se quiser ampliar apoios. O União Brasil (PSL e DEM) lhe oferece como vice o deputado Luciano Bivar, que é investigado inclusive por desvios de dinheiro público na campanha de 2018.

*O MDB aumentará ainda mais seu cacife no Senado, onde dá as cartas. O senador Carlos Viana (MG) deixará o PSD para ingressar no partido de Baleia Rossi: será o 16º integrante da maior bancada na Casa, com 81 cadeiras.

* A bancada da bala, liderada pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP), até topa liberar a jogatina no Brasil, como cassinos e jogo do bicho, que hoje são proibidos, mas não concorda em aprovar a volta dos bingos ao País.