Um dos destaques do Palmeiras campeão da Libertadores de 1999 foi o atacante Paulo Nunes. O jogador entrou para a história do time alviverde por fazer parte de diversos títulos e também por ter marcado 73 gols com a camisa alviverde. Hoje, ele é comentarista e será uma das atrações da TV Globo, que irá reprisar a decisão da Libertadores contra o Deportivo Cali, às 16h (horário de Brasília) de domingo para o Estado de São Paulo.

Em entrevista ao Estadão, o Diabo Loiro, como era conhecido nos tempos de jogador, comentou sobre a conquista e a rivalidade com o Corinthians e apontou qual título da Libertadores teve mais importância na sua carreira: com o Grêmio em 1995 ou com o Palmeiras em 1999?

Como o elenco do Palmeiras reagiu ao risco de não passar da fase de grupos após perder e empatar com o Olímpia e perder para o Corinthians? Houve um temor de não passar de fase?

O temor de não passar sempre existe, principalmente porque aquele grupo foi montado para ganhar a Libertadores. Foi com esse objetivo que eu fui contratado do Benfica um ano antes. Tínhamos de ganhar o Brasileiro ou a Copa do Brasil de 1998 e, depois, a Libertadores, que era o sonho do Palmeiras. Era um time fantástico, que marcou história. Tem as grandes gerações do Ademir da Guia e da equipe de 1993 e 1994, mas este time ficou marcado por títulos inéditos. O Palmeiras não tinha Copa do Brasil, não tinha Copa Mercosul e nem Libertadores. Ganhamos todos. Era um time mágico, com um potencial enorme e com a força da torcida. Será incrível rever essa final.

Por falar em Corinthians, foram quatro confrontos com o rival na competição. Na sua opinião, qual dos quatro foi mais duro? E ter enfrentado o maior rival tantas vezes deu um gosto especial para a conquista?

Enfrentar o Corinthians no Paulistão já é uma cobrança grande. Imagina na primeira vez em que as equipes se encontrariam em uma Libertadores. E os dois nunca tinham conquistado este título até então, e tinham equipes muito fortes, montadas para ganhar. Foram jogos muito difíceis. Mas com certeza o último, que foi para os pênaltis, foi o mais complicado. A pressão era maior. Passar de fase contra eles nos motivou e deu muita confiança.

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Você acredita que aquela competição foi crucial para a carreira do goleiro Marcos deslanchar?

Sem dúvida. Ele estava substituindo um goleiro que era importante demais na história do Palmeiras e para o time, que era o Veloso. O Marcos começou a temporada como terceiro goleiro. Aquela campanha deu uma confiança e uma credibilidade absurdas a ele. Nós já conhecíamos o potencial, pelo que víamos nos treinos, mas estes jogos foram muito importantes.

Antes do último jogo da final, o Palmeiras disputou as semifinais e o primeiro jogo da final do Paulista e a semifinal da Copa do Brasil. Era normal encarar essas maratonas de jogos, mas todos eram decisivos. Como o time chegou fisicamente e psicologicamente para a decisão?

Eu cheguei a jogar, por quatro ou cinco anos, partidas decisivas terça, quinta e domingo. Semifinal e final de Copa do Brasil, de Libertadores, Copa Mercosul, Estadual. Éramos preparados para isso. E sem toda a tecnologia que existe hoje para auxiliar. Atualmente, a cobrança que se faz em cima do desgaste dos atletas é natural, justa, mas o mundo evoluiu nesse sentido. Nós não tínhamos muito tempo para descansar. Íamos para o jogo. E se não ganhasse, a pressão era enorme.

O técnico Felipão falou ou fez algo antes da decisão que mexeu com vocês?

Depois do primeiro jogo, quando perdemos por 1 a 0 na Colômbia, o Felipão estava muito confiante. Ele sempre conversava muito comigo. Eu era um dos líderes do grupo e o jogador mais extrovertido. A pressão e a cobrança de conquistar um título inédito era algo que nos acompanhava. Para quem era criança ou adolescente, por exemplo, é a chance de rever esse momento mágico, o único título de Libertadores do Palmeiras, um dos maiores da história deste glorioso clube. E para quem não viu, é a hora de acompanhar a história. É um privilégio poder rever este momento tão especial.

Qual título da Libertadores foi mais marcante na sua vida? Pelo Palmeiras, em 1999, ou pelo Grêmio, em 1995?

A Libertadores de 1995 foi a minha primeira. Logo no ano em que eu cheguei ao Grêmio, que tinha uma equipe muito forte e objetiva. A diferença é que o Grêmio já tinha uma conquista em 1983, o Palmeiras, não. Depois deste título, entramos para a história do clube. Podem vir mais três quatro Libertadores, mas a primeira foi a nossa. As duas Libertadores são muito importantes para mim, e fazem parte da lista de coisas especiais que fiz na minha vida. Mas eu sei que o palmeirense sempre vai dizer que foi esse time que deu a primeira Libertadores ao clube. Isso é histórico.


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