O recém-recriado Ministério do Trabalho divulgou que foram criadas 324 mil vagas com carteira assinada em novembro. Significa? Nada. O governo Bolsonaro transformou até os dados de empregos formais em peça de ficção. Desde que mudou os critérios de contabilização dos dados do Caged, especialistas apontam que os números não são confiáveis. No ano passado, Paulo Guedes comemorou 142 mil novas vagas em plena pandemia. Era a retomada “em V”. Tudo falso. A revisão do próprio governo mostrou que o número estava inflado em quase 100%.

Os dados maquiados de emprego enganam a sociedade e colocam o País em um apagão estatístico que impede os especialistas de avaliarem a eficácia das políticas públicas. É exatamente isso que o governo deseja. A área econômica não é a única em que essa manipulação ocorre. Na Saúde, desde o início da pandemia o Ministério da Saúde tenta fraudar o número de óbitos e infectados. Há 13 dias, um suposto ataque hacker tirou do ar o site do Ministério da Saúde que compila os dados da pandemia e serve de guia para todo o País e a população checarem o status de vacinação. Além de impedir a imunização de crianças, Bolsonato também tenta evitar que ocorra o controle dos imunizados. No IBGE, Guedes anulou o Censo decenal, que só voltará em 2022 por uma ordem do STF.

São ações criminosas que desorganizam o serviço público apenas para favorecer o atual presidente. Guedes e Marcelo Queiroga transformaram-se em porta-vozes do negacionismo, vassalos de uma política populista rasteira. O colapso de informações serve para animar o público radical que ainda apoia o mandatário. Na Economia, não satisfeito em maquiar estatísticas, Guedes dá caneladas no presidente do Banco Central. Tudo porque Roberto Campos Neto tem apontado que os problemas estruturais da economia estão criando desequilíbrio nos índices macroeconômicos. Se pudesse, Guedes também maquiaria os dados do BC.

Pela mesma razão, Guedes forçou a saída do FMI do Brasil. Tudo porque essa entidade, que atua há décadas no País, agora terá entre seus dirigentes o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, que fez uma gestão competente no BC. Goldfajn é responsável em parte pela revolução modernizante no sistema financeiro em curso no País, incluindo o lançamento do PIX. Mas não segue a cartilha populista e delirante de Guedes. Por isso, o ministro da Economia acha que é normal “cancelar” o FMI. São ações típicas de dirigentes de ditaduras do Terceiro Mundo. Não satisfeito em rifar sua biografia, ressuscitar a inflação e jogar o País na recessão, Guedes quer tranformar o País em uma república de bananas.


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