O ministro da Economia, Paulo Guedes, mencionado na investigação jornalística internacional sobre ocultação de ativos em paraísos fiscais, afirmou que todas as suas atividades privadas foram declaradas à Receita Federal e são legais.

“Toda a atuação privada do Ministro Paulo Guedes, anterior à investidura no cargo de ministro, foi devidamente declarada à Receita Federal, Comissão de Ética Pública e aos demais órgãos competentes, o que inclui sua participação societária na empresa mencionada” na investigação, informou a assessoria do ministro em uma nota.

Desde que assumiu como ministro em 2019, Guedes “se desvinculou de toda sua atuação no mercado privado, nos termos exigidos pela Comissão de Ética Pública, respeitando integralmente a legislação aplicada aos servidores públicos e ocupantes de cargos em comissão”, acrescentou o comunicado.

Guedes é dono de uma empresa chamada Dreadnoughts, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, segundo o jornal digital Poder 360, que trabalhou junto com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) na análise dos documentos vazados.

O presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, também aparece mencionado como proprietário de empresas em paraísos fiscais, mas afirma que é um patrimônio “construído com rendimentos obtidos ao longo de 22 anos de trabalho no mercado financeiro” e que, desde que assumiu como funcionário público, não movimentou suas contas no exterior.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que realizará uma “averiguação preliminar” e pedirá esclarecimentos a Guedes antes de decidir se é necessário pedir a abertura de uma investigação judicial, conforme declaração ao site Poder 360.

Até o momento, porém, ressaltou Aras, é apenas uma “notícia publicada pela imprensa”.

“Com todo o respeito à mídia, não podemos fazer investigações com base em notícias”, justificou.

Vários governantes do mundo inteiro, entre eles os presidentes de Chile, Equador e República Dominicana, aparecem nos “Pandora Papers”.

No total, o ICIJ estabeleceu vínculos entre ativos offshore e 336 altos executivos e políticos, que criaram cerca de 1.000 empresas. Mais de dois terços delas foram nas Ilhas Virgens Britânicas.