O economista Paulo Guedes, principal assessor econômico do presidente eleito Jair Bolsonaro, reafirmou nesta terça-feira, 30, que o futuro governo mandará um projeto para dar independência ao Banco Central (BC). Segundo Guedes, a atual transição de governo será a última em que haverá incerteza sobre o comando da autoridade monetária.

“Daqui para a frente, como vamos aprovar a independência do Banco Central (BC), saberemos que essa fonte de incerteza [o comando do BC] será eliminada. Essa é a ultima transição que tem essa incerteza”, afirmou Guedes, em entrevista a jornalistas pouco antes de entrar na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio, onde está reunido neste momento com Bolsonaro.

Guedes frisou que a independência do BC será aprovada em projeto de lei. “A essência desse projeto são mandatos não coincidentes”, disse o economista.

O assessor de Bolsonaro, já indicado como ministro da Fazenda, elogiou o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn. Guedes disse, porém, que um convite para sua permanência no cargo ainda não foi feito.

Reservas cambiais só serão utilizadas em caso de crise especulativa de dólar

A proposta de vender parte das reservas internacionais, discutida na equipe que trabalha no programa de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, seria usada apenas em caso de crise especulativa no câmbio, também afirmou o economista Paulo Guedes, responsável pela área econômica do futuro governo. Segundo Guedes, a equipe de assessores econômicos debateu o assunto um mês atrás, quando o dólar estava cotado na casa de R$ 4,10. A vende de reservas seria usada, portanto, apenas em caso de desvalorização cambial.

“Se o dólar chegar a R$ 5,00, vai ser muito interessante, porque vamos vender US$ 100 bilhões. São R$ 500 bilhões. Na mesma hora, vai recomprar dívida interna. Chama-se política de esterilização. Não vai se fazer isso”, afirmou Guedes, em entrevista a jornalistas pouco antes de entrar na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio, onde está reunido neste momento com Bolsonaro.

Segundo Guedes, sem ataque especulativo no câmbio, não haveria motivos para vender as reservas. “O dólar agora está a R$ 3,60, para que vou vender dólar? Para derrubar as exportações?”, afirmou o economista.

Guedes deixou clara a disposição de vender reservas caso a cotação do dólar suba. “Se houver uma crise especulativa, não tem problema nenhum, vai acelerar nosso ajuste fiscal”, afirmou Guedes.

Para o economista, o custo de manter as reservas internacionais é elevado e elas não seriam necessárias em nível tão elevado se as contas públicas fossem equilibradas. “Quando você tem um regime fiscal robusto, não existe essa necessidade de carregar tantas reservas, porque é um seguro muito caro”, disse Guedes.