O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, afirmou nesta terça-feira, 13, que o presidente Michel Temer “jurou de pé junto” que não indicará o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), à Secretaria de Governo antes da eleição para presidência da Casa, marcada para fevereiro de 2017.

“Ele jurou de pé junto que não vai indicar do Imbassahy”, afirmou Paulinho à reportagem. Segundo Paulinho, Temer fez a afirmação ao líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), que também integra o Centrão – grupo de 13 siglas da base liderado por PP, PSD e PTB.

Paulinho disse que Temer chamou Moura após líderes do Centrão anunciarem que pretendem se juntar à oposição e ao PSB e obstruir a votação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma da previdência. A votação está prevista para esta quarta-feira, 14, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

O deputado do Solidariedade, que é contra o mérito da reforma da previdência, afirmou que ainda discutirá com outros líderes do Centrão se o grupo manterá a obstrução. Como mostrou hoje o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, a estratégia de obstrução articulada pelo grupo é não marcar presença na sessão da CCJ desta quarta-feira.

Pelas contas de Paulinho da Força, Centrão, PSB e partidos da oposição têm juntos 40 dos 66 integrantes da comissão. Com isso, o grupo conseguiria fazer com que a sessão da comissão não fosse realizada, uma vez que, para abrir os trabalhos do colegiado, é necessário que pelo menos 34 deputados registrem presença.

Procurado, o líder do governo na Câmara negou que tenha tratado sobre nomeações para Secretaria de Governo com Temer. “Na conversa, fiz um relato sobre a sessão de ontem da CCJ e disse que alguns líderes do Centrão continuavam preocupados com a nomeação de algum nome que poderia de alguma forma interferir no processo de eleição da Mesa. Mas ele não me disse quando vai nomear A, B ou C”, afirmou Moura.

Rebelião

O Centrão promete obstruir à PEC da Previdência como retaliação à possível nomeação de Imbassahy para Secretaria de Governo. Para o grupo, a escolha é uma demonstração clara de que o Palácio do Planalto está trabalhando pela recondução do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao cargo em 2017.

Isso porque, segundo líderes do bloco informal, a nomeação do líder tucano passou por acordo para fechar o apoio do PSDB e do PMDB à candidatura do parlamentar fluminense. Pelo acordado, o PMDB ficaria com o direito de indicar o 1º vice-presidente da Câmara na chapa de Maia, cargo que era almejado pelo PSDB, que fica com a Secretaria de Governo.

Com a obstrução à votação da PEC da Previdência neste ano, o Centrão também quer evitar que Maia saia como o grande fiador da proposta. Na avaliação de líderes do grupo, se a admissibilidade da proposta for aprovada antes do início do recesso, o atual presidente da Câmara aumentará seu o cacife junto ao Palácio do Planalto.

O Centrão disputa espaço na base aliada de Temer na Câmara com a chamada antiga oposição (PSDB, DEM, PPS), que apoia a reeleição de Maia. O bloco informal tem pelo menos três pré-candidatos ao comando da Casa: os líderes do PSD, Rogério Rosso (DF); do PTB, Jovair Arantes (GO), e do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB).