A atriz Patricia Pillar, uma das musas inspiradoras de Luiz Fernando Verissimo, lamentou neste sábado, 30, a morte do escritor. Em uma postagem nas redes sociais, a artista prestou uma homenagem ao cronista.
“Tão difícil falar de Luis Fernando Verissimo… O homem mais doce, divertido e genial que conheci; meu ‘muso’, minha inspiração. Com sua leveza e olhar perspicaz, transformava o cotidiano em poesia e elevava o banal à teoria filosófica, sempre cheio de graça e bom humor. E seu jeito sucinto com as palavras não escondia suas grandes ideias humanistas. Conviver com ele e sua família foi um privilégio que guardo no coração, e sua ausência deixa um vazio imenso”, escreveu Patricia Pillar.
Confira o post:
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Autor de uma obra vasta que transitou com maestria entre o humor, o jornalismo e a literatura, Verissimo se consagrou como um observador perspicaz do comportamento humano e da sociedade brasileira.
Verissimo estava internado há três semanas no Hospital Moinhos de Vento, com quadro de pneumonia. Ele também sofria de Parkinson e problemas cardíacos. Em 2016, implantou um marcapasso e, em 2021, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que resultou em dificuldades motoras e de comunicação.
Antes disso, em 2020, Verissimo passou por uma cirurgia para tratar um câncer ósseo na mandíbula.
O escritor deixa a mulher, Lúcia Helena Massa, com quem casou em 1963, e três filhos e dois netos. Não foram divulgadas informações oficiais sobre velório e sepultamento.
Quem foi Luis Fernando Verissimo
Verissimo foi escritor, cartunista, tradutor, roteirista de televisão, autor de teatro, romancista e saxofonista. Ele era filho do também escritor Erico Verissimo e de Mafalda Verissimo. Também foi colunista dos jornais’O Estado de S.Paulo’, ‘O Globo’ e ‘Zero Hora’.
Ele viveu parte da sua infância nos Estados Unidos porque o Erico – um dos maiores nomes da literatura nacional, autor de obras como ‘O Tempo e o Vento’ – lecionava nas universidades de Berkeley e de Oakland.
Ele começou sua carreira no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, como revisor, e posteriormente trabalhou como tradutor e redator publicitário no Rio de Janeiro.
Criou personagens icônicos como o “Analista de Bagé”, a “Velhinha de Taubaté” e os protagonistas das “Comédias da Vida Privada”, que se tornaram parte do imaginário popular, refletindo as manias, os absurdos e as idiossincrasias da classe média brasileira.
Sua paixão pelo jazz também foi uma marca registrada, tanto em seus textos quanto em sua vida pessoal como saxofonista amador no grupo “Jazz 6”. O futebol foi outra de suas grandes temas, abordado sempre com a visão apaixonada de um torcedor do Internacional.
Ao longo de mais de cinco décadas de produção, Luis Fernando Verissimo se tornou um dos autores mais lidos do País, com dezenas de livros publicados e adaptados para o teatro e para a televisão.
Seu primeiro livro foi ‘O Popular’, publicado em meados de 1973, uma coletânea de seus principais trabalhos.
Ele teve mais de 80 livros publicados e 5,6 milhões de cópias vendidas, contemplando desde crônicas a quadrinhos – com edições célebres como Analista de Bagé e da Velhinha de Taubaté, cuja primeira satiriza a psicanálise e os costumes gaúchos através do personagem de um analista freudiano ‘à moda do pampa’.