Alexandre Pato está do outro lado do mundo. Mas não deixa de olhar para o “lado de cá”. Está afastado da seleção brasileira desde 2013, mas ainda espera que Tite lhe dê uma chance. Quem sabe já para os amistosos de novembro, contra Japão e Inglaterra – a convocação será na próxima sexta-feira. Entende que o fato de estar na China não é empecilho e lembra que Diego Tardelli foi chamado para os recentes jogos com Bolívia e Chile, pelas Eliminatórias.

O atacante de 28 anos diz ter relacionamento respeitoso com Tite, que o dirigiu na má passagem pelo Corinthians. Garante estar adaptado ao Tianjin Quanjian, quarto colocado do Campeonato Chinês, onde chegou no fim de fevereiro. É destaque do time – tem 16 gols no torneio -, ídolo dos torcedores e tem contato constante com os chineses pelas redes sociais. Mas Pato não esquece o São Paulo, clube onde jogou entre 2014 e 2015 e que ainda o encanta. “Eu amo o São Paulo”, admitiu ao Estado.

Como foi a adaptação ao futebol chinês?

O impacto inicial foi muito estranho: a comunicação com as pessoas é um problema, imagina com os companheiros nos treinos ou no jogo, tem diferentes jeitos de se relacionar. Mas, logo percebi que tenho tudo para ajudar o clube e o futebol chinês a crescer. E tem muita oportunidade na área de negócios também.

Em que padrão o Quanjian se encaixa no futebol chinês? Qual as pretensões do clube?

O Tianjin Quanjian está vivendo uma fase histórica: é um clube novo, mas muito ambicioso. Está jogando na primeira divisão pela primeira vez na história e, com certeza, é uma das grandes surpresas na liga chinesa. Estamos até lutando para conseguir nos qualificar para a próxima Liga dos Campeões da Ásia e temos boas chances. E temos uma torcida apaixonada e carinhosa.

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O fato de ser o único brasileiro do grupo dificulta o seu trabalho? Há o problema do idioma…

Sou o único brasileiro, sim, mas consigo falar em italiano com o treinador (Fábio Cannavaro) e com a comissão técnica, em português com o Witsel (belga) e em inglês com alguns dos jogadores chineses. Temos vários tradutores que nos ajudam. Aprendi algumas palavras que uso durante os jogos, para falar alguns movimentos ou ações com meus companheiros chineses, para começar as entrevistas e também para sobreviver no restaurante ou no táxi. A língua chinesa é muito difícil para aprender em pouco tempo, mas, com paciência e sorriso, pode-se ter boa comunicação.

Aceitar jogar na China não é abdicar da seleção? Você nunca foi chamado pelo Tite. Não pensa mesmo mais em seleção?

Lógico que penso. Meu sonho é voltar e trabalho para isso. Acho que agora a seleção voltou a ser um objetivo concreto. Estou em uma ótima condição física, jogo, marco gols e ajudo os companheiros. Estou trabalhando duramente para voltar a ter a honra de vestir a camisa amarela. Tenho saudade do orgulho que só a seleção pode dar. O futebol contemporâneo é um futebol global e está mostrando que tem espaço para quem não joga no Brasil ou na Europa ser chamado, tem alguns exemplos.

O que te impediu de ter continuidade na seleção brasileira?

Acho que sempre fiz o meu melhor quando fui chamado e quando tive oportunidades. Depende dos treinadores escolher e decidir quem chamar. Eu respeito isso.

Qual a sua impressão sobre a atual seleção? Vai conseguir apagar o vexame de 2014? Tem condições de ser campeã na Rússia?

Sim, a seleção brasileira sempre tem condições. Com essa seleção eu estou feliz, e todos os brasileiros estão felizes. Tite está fazendo um grande trabalho, o time tem um jogo surpreendente que pode ajudar a ganhar a próxima Copa do Mundo.

Pretende voltar ao futebol europeu algum dia?

Estou quase completando a minha primeira temporada na China e quero aproveitar meu tempo aqui, fazer o melhor para ajudar o meu time e o futebol chinês a crescer. Mas no futebol as coisas mudam de repente. Nunca se sabe o que vai acontecer.

E ao futebol brasileiro?


Quem sabe…

O São Paulo corre risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Você tem acompanhado?

O São Paulo é um grande clube, com tradição, história importante. Claro que acompanho os jogos, me emociono e sofro também. Para mim, o São Paulo é um clube de Serie A!

No seu aniversário (2 de setembro), o São Paulo lembrou da data no Twitter e você agradeceu. O clube será boa opção quando você decidir voltar ao Brasil?

Sim, adorei a surpresa. Eu sempre vou ter ótimas lembranças do meu tempo no São Paulo. Os torcedores me amam, consigo ver isso nos comentários, nas letras e nos presentes que recebo. O São Paulo foi uma casa para mim e não vou esquecer. Amo o São Paulo de coração! Em novembro termina a temporada aqui e vou pedir para treinar no São Paulo. Mas, como falei, no futuro nunca se sabe.

E fora de campo? Como é sua vida na China?

É extremamente tranquila: casa, treino, casa. A cidade onde eu moro, Tianjin, é uma das mais bonitas da China. Teve influência italiana e alemã e ainda tem bairros históricos ocidentais. É grande e populosa, mas é muito bem organizada e limpa. Sou uma pessoa curiosa e gosto de conhecer bem o lugar onde vivo. Viajo bastante quando tenho folga, conheço os monumentos e os bairros típicos onde comer a verdadeira comida chinesa e uso muito as redes sociais chinesas.

Você tem uma interação grande nas redes sociais. É bastante popular entre os torcedores…

Sim, uso muito as redes sociais aqui. Para mim é um jeito de ter os olhos abertos na vida da China, no que acontece no país, como os meus fãs, os torcedores e todas as pessoas pensam e o que falam. Tenho uma ótima relação com meus fãs e estou adorando o carinho dos torcedores (na rede Sina Weibo, Alexandre Pato tem posts com mais de 10 milhões de visualizações; tem 2,7 milhões de seguidores no Instagram e 2,4 milhões no Facebook).


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