A patinadora Jessica Shuran Yu, nascida e treinada na China, mas que participou de competições internacionais defendendo Singapura antes de se aposentar, revelou nesta quinta-feira os maus-tratos cometidos por seus treinadores.

“Tinha onze anos quando a violência física começou”, escreveu Yu, que participou da Copa do Mundo em 2017, revelando como seu treinador batia nas suas mãos usando as coberturas plásticas para as lâminas de seus patins.

“Em dias especialmente difíceis, ele me batia mais de dez vezes seguidas”, acrescentou a jovem de 19 anos, que também falou de “golpes de patins nas canelas”.

Os ataques teriam parado quando ela começou a competir na categoria absoluta, onde conseguiu ser campeã nos Jogos do Sudeste Asiático em 2018 e bicampeã de Singapura (2015 e 2017).

No entanto, as agressões verbais e mentais eram constantes, explicou.

Ela ouviu constantes palavras hostis e insultos como “preguiçosa”, “gorda”, “estúpida” ou “inútil”.

De mãe chinesa e pai singapuriano, ela considera que possui uma posição privilegiada para poder falar sobre a “cultura do abuso” na China.

Na sua opinião, existe um “ambiente tóxico que afeta esportes estéticos, como ginástica ou patinação artística”.

“Se tornar minha história pública puder sensibilizar as pessoas, provocar uma certa raiva e ajudar outras pessoas a lidar com suas experiências, então terá valido a pena”, concluiu.

sr/je/lab/ole/dr/mcd/lca