A pressão aumentava nesta quinta-feira (12) sobre a futura presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por sua decisão de situar a política migratória sob uma vice-presidência intitulada “Proteção do nosso estilo de vida europeu”.

A conservadora alemã causou polêmica na terça-feira ao anunciar sua futura equipe de comissários. Nela, Margaritis Schinas coordenará a reforma do asilo e da proteção de fronteiras, entre outros temas, à frente da polêmica pasta.

Depois das críticas, neste mesmo dia, de ONGs como Anistia Internacional e Human Rights Watch, que apontam uma “retórica de extrema direita”, a pressão veio nesta quinta da Eurocâmara e do ainda titular da Comissão, Jean-Claude Juncker.

“Não me agrada a ideia de que o estilo de vida europeu se oponha à migração. Aceitar os que vêm de longe é parte do estilo de vida europeu”, afirmou Juncker, em uma entrevista exclusiva à Euronews.

O ex-primeiro-ministro luxemburguês disse ainda que “o título [da vice-presidência] não corresponde” aos “valores” do grego Schinas, porta-voz de sua Comissão entre 2014 e 2019, de modo que “isso terá de mudar”.

A atual porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, rejeitou qualquer mudança de nome da vice-presidência “no momento”, afirmando que se deve ouvir os debates durante as audiências dos futuros comissários na Eurocâmara.

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Na terça-feira, a próxima presidente garantiu em uma entrevista coletiva que “nosso estilo de vida europeu é se apegar a seus valores” e, nesse sentido, “a beleza da dignidade de cada ser humano é um dos valores mais apreciados”.

– Pressão da Eurocâmara –

Os argumentos não convencem todos os grupos da Eurocâmara. Socialdemocratas e liberais, aliados do Partido Popular Europeu (PPE, de direita) da política alemã, assim como os Verdes, pediram uma mudança de nome.

O presidente da Eurocâmara, David Sassoli, reconheceu o mal-estar com alguns nomes de pastas e, por isso, convidou Von der Leyen a “se explicar” e a “ouvir” os presidentes do grupo em 19 de setembro próximo.

“O nome [Proteção do nosso estilo de vida europeu] não nos agrada. Rejeitamos. Dissemos ontem à Comissão que o nosso grupo não podia aceitá-lo”, declarou à imprensa a líder da bancada socialista, Iratxe García.

Seu colega liberal, Dacian Ciolos, manifestou à AFP sua convicção de que a primeira presidente mulher da Comissão mudará o nome, embora “não possa dar a impressão de que faz isso por causa da pressão”.

As advertências dos grupos não são triviais. Os diferentes comissários devem receber a aprovação de suas comissões parlamentares, antes que a Eurocâmara se pronuncie sobre a Comissão em seu conjunto em 23 de outubro.

Em julho, a candidatura de Von der Leyen à frente da Comissão obteve apenas 383 votos, nove a mais do que o necessário para sua posse, apesar de contar inicialmente com um total de 444 liberais, socialdemocratas e PPE.


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