O ministro de Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, comentou nesta quarta-feira, 19, sobre os mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal no âmbito da investigação por agressões contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e sua família.

“A medida se justifica pelos indícios de crimes já perpetrados. Tais indícios são adensados pela multiplicidade de versões ofertadas pelos investigados. Sobre a proporcionalidade da medida, sublinho que passou da hora de naturalizar absurdos. E não se cuida de ‘fishing expedition’, pois não há procura especulativa, e sim fatos objetivamente delineados, que estão em legítima investigação”, escreveu o ministro no Twitter.

Na terça-feira, 18, a PF foi em dois endereços ligados ao casal suspeito de ter hostilizado o ministro no aeroporto internacional de Roma, na sexta-feira passada. As ordens foram autorizadas pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber. As diligências foram realizadas enquanto o empresário Roberto Mantovani Filho e sua mulher, Andréia Munarão, prestavam depoimento à PF.

Os mandados foram cumpridas em Santa Bárbara d’Oeste e em Piracicaba, onde o casal foi ouvido. Os dois são investigados em inquérito que apura suspeita de crimes de injúria, perseguição e desacato. Além de endereços no interior paulista, um carro do casal também foi vasculhado.

O advogado Ralph Tórtima Filho, que defende Mantovani e Andréia, disse que, no depoimento, o empresário relatou que houve um “entrevero” envolvendo o filho de Moraes, no aeroporto. “Ele (Mantovani) reconheceu que houve um entrevero com um jovem que estava no local e que esse jovem eles nem sequer sabiam quem era. Somente quando desembarcaram e foram abordados pela Polícia Federal no aeroporto é que tomaram conhecimento de que se tratava de um filho do ministro”, afirmou.

Sala Vip

Ainda segundo o advogado do casal, Mantovani e Andréia relataram que a confusão foi motivada por uma disputa por espaço na sala vip do aeroporto de Roma. Sem conseguir lugares disponíveis, os dois teriam se incomodado ao ver Moraes passando com a família. “Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso, não tem”, afirmou Andréia, conforme o defensor.

De acordo com Tórtima Filho, Mantovani também negou que tenha empurrado o ministro ou o filho de Moraes, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua mulher. “Ele (Mantovani) disse que, em razão de ofensas proferidas contra a sua esposa, afastou essa pessoa, que ele nem sequer sabia quem era, mas era uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas, muito desrespeitosas.” Questionado sobre a identidade dessa pessoa, o advogado respondeu que “teria sido dito a eles (Mantovani e Andréia) tratar-se do filho do ministro”.

A PF pediu as imagens do aeroporto de Roma para abastecer as apurações. As gravações foram solicitadas via cooperação internacional. A expectativa é a de que os registros sejam fornecidos ainda nesta semana. O inquérito deve se debruçar ainda sobre possíveis crimes contra a honra de Moraes, eventual lesão corporal e tentativa de abolição do estado democrático de direito. Os crimes podem ser investigados e punidos no Brasil em razão do chamado princípio da extraterritorialidade.

Aeroporto

De acordo com a PF, no aeroporto de Roma, Andréia xingou Moraes de “bandido” e “comprado”. Na sequência, o marido dela reforçou as ofensas e agrediu fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Além do casal, Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani, teria dirigido à família de Moraes palavras de baixo calão. Ele depôs à PF no domingo e negou ter hostilizado o ministro do Supremo.

Pessoa próxima a Moraes fotografou os supostos agressores. Os registros chegaram à PF em São Paulo, que abordou o grupo suspeito em Guarulhos. O órgão espera receber imagens do circuito interno de câmeras do aeroporto para ajudar a esclarecer o caso.

* Com informações da Agência Estado