O convidado do novo episódio do MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte, é Caio Lewkowicz, portfolio manager e sócio da Tarpon Capital, gestora de fundos da Tarpon.

Formado em Administração de Empresas, Lewkowicz já trabalhou na área de private equity do Pátria, foi gerente de planejamento financeiro na Smart Fit e ajudou a fundar uma gestora de investimentos em renda variável antes de retornar à Tarpon. No programa, ele fala sobre sua experiência no mercado financeiro e na economia real e dá dicas para quem quer começar a investir.

>>> Assista aqui o vídeo na íntegra.

A família de Caio Lewkowicz veio para o Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial. Aqui, todos trouxeram à tona seu DNA empreendedor e montaram seus próprios negócios, inclusive seu pai. Essa “sementinha” realizadora foi uma inspiração, mas ele queria seguir seu próprio caminho.

Após a perda da mãe, aos 13 anos, sua família passou por dificuldades financeiras e a forma como lidava com o dinheiro mudou. Ele acredita que ter passado por momentos bons e ruins na vida o fez ter uma preocupação maior com o longo prazo. 

“Aprendi desde cedo que as coisas são cíclicas: quando tudo está indo muito bem, você precisa se preparar para o inverno, pois as coisas eventualmente vão mudar”, conta. “E o mercado de capitais é muito parecido: quando está indo muito bem, você está mais precavido, atento. Nos momentos difíceis, mais voláteis, você fica na ponta vendedora.”

+ Você não precisa ser economista para tomar boas decisões financeiras

+ Meu primeiro R$ 1 milhão ganhei na bolsa

+ Hoje, é possível investir muito cedo, com apenas R$ 20 por mês

+ O tempo do mundo real é muito diferente do mercado financeiro

Virada de chave

Ainda durante a faculdade, fez um intercâmbio no Canadá. Lá, p , a filosofia de investimento do Warren Buffet, um dos maiores investidores do mundo. 

O professor despertou seu interesse sobre  no assunto, mas foi uma visita ao próprio Buffet, ainda como parte do programa de intercâmbio em 2008, que descobriu que queria ser investidor. “Passamos um dia com ele e pra mim foi um sonho. Foi a virada da chavinha”, lembra Lewkowicz.

Quando voltou ao Brasil, começou a trabalhar no mercado financeiro. Primeiro, na área de private equity (compra de participação em empresas não listadas em bolsa de valores). Lá, estudou por um bom tempo o setor de academias e identificou uma empresa pequena, mas que estava começando com um negócio inovador, a Smart Fit, do grupo da BioRitmo. 

Um pé na economia real

Depois da aquisição, deixou o mercado financeiro e passou a atuar na administração da Smart Fit. “Ver como as coisas acontecem na prática foi super rico”, afirma. “Injetamos capital para o negócio crescer e, hoje, a empresa é uma das maiores redes de academia do mundo.”

Após a experiência, o administrador trabalhou por um ano e meio na Tarpon, atuando com empresas listadas na bolsa. Em 2012, com apenas 25 anos, saiu para ajudar a fundar, com mais dois sócios, uma gestora de investimentos focada em renda variável. “Foi um baita aprendizado como investidor e como empreendedor”, afirma.

Lewkowicz deixou a sociedade e voltou à Tarpon Capital em 2019, agora como portfolio manager, gestor de fundos de renda variável (ações). Hoje, a empresa administra dois negócios, um negócio 100% focado na bolsa, a Tarpon Capital, que administra R$ 2 bilhões, e outro que engloba três gestoras de private equity, com patrimônio de R$ 5 bilhões.

Gestor de fundos

Atualmente, o administrador atua nos dois fundos administrados pela Tarpon Capital. O fundo Tarpon GT, focado em empresas menores e menos líquidas na bolsa, não está mais aberto a novos aportes para preservar a estratégia aplicada. Tem R$ 1 bilhão. Já o fundo Tarpon Wahoo, ainda aberto, foca em grandes e médias empresas, em sua maioria, especialmente nos setores de saúde, agronegócio e empresas de consumo. A gestora acredita que possa crescer até R$ 4 bilhões.

Na Tarpon, 25% do capital investido nos fundos são de sócios e pessoas do time da gestora. “Somos os maiores investidores individuais: até 90% do nosso capital está aplicado aqui”, afirma. “A gente tenta não errar, mas se errar, vai doer muito mais na gente do que nos nossos investidores.”

Aprendizados

Para o administrador, quem está começando a investir deve estudar sempre, ter a cabeça aberta para mudar de opinião, aprender coisas novas e aprender com os erros. “É um aprendizado contínuo onde você acerta e erra”, diz. Ele também sugere acompanhar as cartas dos gestores sobre o cenário macroeconômico, sobre empresas e o que está dando certo ou não no mercado financeiro.

Além disso, é preciso ter em mente que é uma jornada de longo prazo. “No curto prazo você pode eventualmente ter sorte, mas não dá para ter sorte sempre”. Lewkowicz ressalta que o caminho de investidor não é uma linha reta. “Você tem os ruídos políticos e econômicos de curto prazo, então é necessário separá-los do que de fato é importante: o fundamento das empresas.” 

Isso significa, orienta o gestor de fundos, verificar se as empresas têm capacidade de crescer seus lucros durante bastante tempo, se você está pagando um preço razoável por isso, como elas vão evoluir no tempo, tentando aproveitar da volatilidade, quando o mercado exagera para um lado ou para o outro.

“No momento de volatilidade, a gente tem que usá-la a nosso favor”, afirma. Lewkowicz dá um exemplo prático: hoje, você faz uma avaliação econômico-financeira da empresa de R$ 1 mil e ela está negociada por esse valor na bolsa. Mas, se no dia seguinte você consegue comprar por R$ 500, mesmo você achando que ainda vale R$ 1 mil, isso é bom, pois o ativo está mais barato. “Nos momentos de pânico surgem muitas oportunidades.”

Confira aqui todos os episódios do programa.