Na quarta-feira 27, às vésperas da abertura da COP 26, as notícias que circularam no Brasil sobre questões ambientais — e, naturalmente, daí para o mundo — reafirmavam um País no qual o governo federal segue achando que as melhores políticas nesse setor são a motosserra e atividades ilícitas. Nos últimos tempos, foram três as intervenções das Forças Armadas na Amazônia com a finalidade de combater crimes ambientais. Resultado: cerca de R$ 600 milhões, saídos dos cofres públicos, foram torrados: as queimadas só ganharam intensidade e árvores foram derrubadas em um efeito dominó. Causa perplexidade a fala do vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, presidente da Comissão Nacional da Amazônia Legal, defendendo a continuidade da presença militar na região. É preciso, isso sim, polícia que atue com rigor. O governo tem a obrigação de prestar contas: no primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro, que em sua infinita maldade ainda vai dizer à população que preservar florestas causa impaludismo, foram jogados fora diariamente R$ 1,5 milhão na chamada Operação Verde. Intervenções idênticas, que duraram até abril de 2021, fizeram com que R$ 410 milhões virassem efeito estufa. É triste e desesperador, mas, devido à política atual, a floresta é hoje, segundo a Organização Meteorológica Mundial, uma das principais emissoras de gás carbônico.

Tosca maquiagem

PACOTE REEMBALADO Joaquim Leite: projeto “com alguma característica verde” (Crédito:Divulgação)

Na semana passada, o Brasil lançou um programa de R$ 400 bilhões ligado à questão ambiental. Não disse de onde virá nem para onde irá esse dinheiro. Na verdade, é somente reembalagem de gastos já existentes. O ministro do Meio ambiente, Joaquim Leite, divagou: é um projeto “com alguma característica verde”.

US$ 100 bilhões É quanto países desenvolvidos enviarão às nações em desenvolvimento para que elas cuidem do meio ambiente. Essa meta, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), deverá ser alcançada em 2023

NARCOTRÁFICO
A prisão e extradição de “Otoniel”

PERICULOSIDADE
O traficante de drogas “Otoniel”: trezentas cidades sob seu domínio (Crédito:AFP PHOTO / COLOMBIAN ARMY)

O governo da Colômbia confirmou na semana passada que pretende extraditar aos EUA o chefe do denominado Clã do Golfo, a maior organização criminosa do país que atua no narcotráfico. O seu líder, Dairo Antonio Úsuga, conhecido pelo codinome de “Otoniel”, controlava toda a fronteira entre a Colômbia e o Panamá — essa é a rota pela qual ele conseguia introduzir cocaína em território dos EUA. A extradição deverá ocorrer, provavelmente, dentro de um mês. O Clã do Golfo, conforme dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz, possui cerca de um mil e seiscentos traficantes e domina pelo menos trezentas entre as mil e cem cidades colombianas.

US$ 5 milhões Foi quanto o governo dos EUA ofereceu como recompensa a quem fornecesse informações sobre os esconderijos do traficante “Otoniel”

ITÁLIA
O lugarejo que é berço dos Bolsonaro não gosta do presidente do Brasil

RAÍZES Anguillara Veneta, onde teve origem o clã Bolzonaro: o z virou s no Brasil (Crédito:Divulgação)

Anguillara Veneta é um lugarejo na região do Vêneto, no norte da Itália. É também o local de origem de distantes ancestrais e de formação da árvore genealógica dos Bolzonaro – sobrenome que com o tempo abrasileirou-se e se tornou Bolsonaro. Ao saber que o presidente brasileiro tinha viagem agendada à Itália para participar da cúpula do G-20, a prefeita da pequena cidade cogitou dar-lhe o título de cidadão honorário. Ela chama-se Alessandra Buoso e é de extrema direita. Os cerca de quatro mil habitantes do município protestaram: chega até lá a frieza de Bolsonaro com as vítimas da Covid.

EXÉRCITO
Eduardo Pazuello vai ser despejado de hotel militar

O general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, tem sido um estorvo para o Alto Comando do Exército – pelo menos no que diz respeito à moradia. Atualmente ele despacha como secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Palácio do Planalto (vale lembrar que o homem da estratégia mandou vacinas para estados errados em sua antiga pasta). De volta ao presente. Pazuello completou dezoito meses de estadia no Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército, em Brasília, e esse é o problema atual. Segundo as normas militares, ele só poderia ficar lá por trinta dias. Sem alarde, o Ato Comando já lhe comunicou que passou da hora de ele fazer as malas. Sugerem um apartamento funcional.