A discussão jurídica em torno da apreensão do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro segue movimentando parte do debate político, bem como as torcidas, ou bolhas, contra e a favor nas redes sociais.

Já nem se discute mais a participação direta, ou melhor, o comando do patriarca do clã das rachadinhas nas discussões palacianas – e nada republicanas, claro – sobre um golpe de Estado, ou ao menos a tentativa.

Bolsonaro, pessoalmente, conduziu (no mínimo uma!!) reunião golpista e participou ativamente da elaboração de uma minuta, com vias a um decreto presidencial, instituindo o chamado Estado de Exceção no Brasil.

E mais: através de seus assessores diretos, como o coronel Mauro Cid, que fechou acordo de colaboração com a Justiça, o devoto da cloroquina fez gestão sobre oficiais militares, intimando-os a prender juízes e congressistas.

Como parte do plano golpista (mal-sucedido, graças à racionalidade de alguns e incompetência de outros), Bolsonaro transferiu cerca de 800 mil reais para uma conta nos EUA, e para lá se mandou em dezembro de 2022.

Ao lado do Mickey e do Pato Donald, enquanto cuidava da venda de objetos surrupiados do Estado brasileiro, o maníaco do tratamento precoce aguardava o desfecho favorável de sua trama mambembe.

Como sabemos, a partir do escândalo das joias contrabandeadas e da prisão do ex-ajudante de ordens, o “mito”, que jamais esteve só – ao seu lado, generais de 4 estrelas – pretendia voltar ao País somente como presidente.

Tais fatos podem ter motivado o pedido de apreensão do passaporte do protoditador, afinal, fujão uma vez, sempre fujão. Com dinheiro no exterior e documento em mãos, nada o impediria de escapar da Lei.

Por isso, a meu ver, a despeito do embasamento jurídico, faz todo sentido manter o líder dos conspiradores preso em território nacional. Afinal, apreende-se o passaporte de devedores inadimplentes, por que não o de um golpista aloprado?