Passa de 2 mil o número de mortos após uma série de terremotos no oeste do Afeganistão que deixaram também quase 10 mil feridos, segundo informações divulgadas neste domingo (08/10), enquanto equipes de resgate escavavam vilarejos devastados, em busca de sinais de vida de desaparecidos.

Este foi um dos terremotos mais letais a atingir o país nos últimos 20 anos.

Mais de 1.300 casas foram derrubadas neste sábado, quando o terremoto de magnitude 6,3 – seguido por oito fortes tremores secundários – sacudiu áreas de difícil acesso 30 quilômetros a noroeste da capital da província de Herat, segundo autoridades.ray

No distrito rural de Zinda Jan, dezenas de domicílios foram reduzidos a amontoados de alvenaria quebrada, onde equipes de resgate improvisadas cavaram trincheiras na esperança de desenterrar sobreviventes.

“Nosso povo testemunhou um terremoto sem precedentes”, disse o porta-voz do Ministério de Gestão de Desastres, Mullah Janan Sayeq, informando que foram registradas 2.053 mortes e que 9.240 pessoas ficaram feridas em 13 vilarejos. “Estamos fazendo o nosso melhor para o tratamento das vítimas do incidente”, disse ele aos repórteres em Cabul.

“As operações de busca in loco na área afetada estão em andamento”, acrescentou, alertando que o número de mortes provavelmente aumentará ainda mais.

Outro tremor secundário de magnitude 4,2 atingiu a mesma área por volta das 7h (horário local) da manhã deste domingo, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Construções frágeis

A maioria das casas rurais no Afeganistão são feitas de tijolos de barro queimados pelo sol, construídos em torno de postes de madeira, com pouco reforço de aço moderno.

Famílias extensas multigeracionais geralmente vivem sob o mesmo teto, o que significa que desastres como o terremoto de sábado podem devastar as comunidades locais.

Na cidade de Herat, os residentes fugiram das suas casas e escolas, enquanto os hospitais e escritórios foram evacuados quando o primeiro terremoto foi sentido. Houve poucos relatos de vítimas na área metropolitana.

Crise humanitária

O Afeganistão já atravessa uma terrível crise humanitária, com a retirada generalizada da ajuda externa após o regresso do Talibã ao poder em 2021.

A província de Herat – onde vivem cerca de 1,9 milhões de pessoas na fronteira com o Irã – também foi atingida por uma seca que durou anos e que paralisou muitas comunidades agrícolas em dificuldades.

O Afeganistão é frequentemente atingido por terremotos, especialmente na cordilheira Hindu Kush, que fica perto da junção das placas tectônicas da Eurásia e da Índia.

Mais de mil pessoas morreram e dezenas de milhares ficaram desabrigadas em junho do ano passado, depois que um terremoto de magnitude 5,9 atingiu a empobrecida província de Paktika.

“O terremoto de Herat é pior do que o terremoto no leste, que aconteceu no ano passado”, disse o porta-voz da agência de desastres, Janan. “Não apenas pela magnitude e profundidade, mas também por mais áreas afetadas e destruídas.”

(AFP, EFE, AP)