LONDRES, 17 JAN (ANSA) – O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, deu seu depoimento nesta segunda-feira (17) a Sue Gray, alta funcionária pública responsável por investigar a série de denúncias de festas ocorridas em Downing Street durante o lockdown da pandemia de Covid-19.   

Segundo vários jornais britânicos, inclusive os conservadores pró-governo, o premiê “compartilhou o que sabia” sobre os eventos, chamados de “PartyGate” e seu depoimento estará no relatório final de Gray, que deve ser divulgado ainda nessa semana.   

A situação se agrava dia após dia e a mídia britânica aponta que, ao todo, foram 14 eventos do tipo na residência oficial do governo. Nem todas as festas contaram com a presença de Johnson, mas foram seus assessores mais próximos que organizaram os encontros – que tinham bebida alcoólica.   

Nesta segunda-feira, o jornal “Daily Mirror” informou que, em um desses encontros ocorrido dias antes do Natal de 2020, Johnson fez um longo discurso para homenagear o consultor para a Defesa Steve Higham, que estava deixando o governo.   

Por conta das duas primeiras denúncias, Gray, que faz parte do conselho de ética, começou a investigar se houve violação das regras sanitárias instituídas pelo próprio governo que, à época, proibia qualquer tipo de encontro entre pessoas que não moram na mesma residência para evitar a disseminação da Covid-19.   

Mas, a situação virou uma grande bola de neve com cada vez mais denúncias de eventos do tipo. Uma dessas festas, inclusive, aconteceu às vésperas do funeral do príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II. O governo emitiu uma nota pedindo desculpas à família real.   

No Parlamento, Johnson também pediu desculpas para a população por outro evento, ocorrido em maio, mas disse que os encontros “não violaram” a legislação.   

O Partido Trabalhista, de oposição, pede publicamente a renúncia de Johnson, mas o pedido também começa a aumentar entre os conservadores. Conforme a mídia, mais de 30 parlamentares já notificaram a sigla para dar um voto de desconfiança contra Johnson.   

Também nesta segunda o ministro da Educação, Nadhim Zahawi, negou que o governo esteja fazendo o que eles chamam de “Operation Red Meat”, que seria anunciar medidas populistas para acalmar a opinião dos cidadãos sobre o governo.   

Porém, diversas medidas foram anunciadas por Johnson que afetam diretamente a vida da população, como um corte no financiamento da emissora “BBC”, que é fundamental para a sustentabilidade financeira da empresa de comunicação, e um afrouxamento das regras sanitárias para os vacinados. (ANSA).