O Brasil tem 33 partidos legalmente formalizados no TSE, mas ano após ano apenas dois disputam o poder. Um pela direita e outro pela esquerda, como ocorre agora com o PT de Lula e o PL de Bolsonaro, e como foi em 2018 com o PT de Haddad e o PSL de Bolsonaro. E tem sido assim desde a redemocratização (PSDB X PT) e até antes, na ditadura militar (Arena X MDB). O restante se mantém apenas para sugar os R$ 5 bilhões do fundão eleitoral, fora dos R$ 2 bilhões do fundo partidário. Um absurdo para um País que tem 40 milhões de pessoas em extrema pobreza.

Mas o fato é que o Brasil vive um quadro de bipartidarismo real, enquanto a maioria das lideranças estimula esse jogo sujo no submundo da política, com a participação de dezenas de partidos de fachada ou formados com o claro objetivo de enriquecer seus dirigentes. Disputam eleições para criarem caixa dois ou manterem-se no poder qualquer que seja o esquema vencedor.
Não há nos partidos brasileiros qualquer linha programática. Ninguém sabe, até agora, o que Lula pretende fazer caso vença as eleições. Por mais que se diga de esquerda, o petista já disse que não deseja implantar o socialismo. E é verdade. Nos seus dois governos, os empresários nadaram de braçadas, enriqueceram como nunca e o petista ajudou a criar o que se chamou de as empresas “campeãs”.

O Brasil não pode continuar a ter dezenas de legendas, criadas apenas para dilapidar os cofres públicos

Apesar de estar perto de tornar-se presidente, ninguém sabe o que Lula pensa sobre a economia, que é o que mais aflige o povo. O que ele vai fazer para reduzir o preço dos combustíveis? Como pretende derrubar a inflação e juros, que já passam dos 13%? O que deve fazer para acabar com o desemprego ou com a fome? Por enquanto, sabemos apenas que ele é contra a privatização da Petrobras. Isso significa que o PT vai continuar a usar a empresa como teta para os petistas e aliados continuarem a mamar como mamaram no petrolão?

Em matéria de defesa das instituições democráticas é provável que Lula seja mais assertivo, uma vez que Bolsonaro é uma ameaça real à democracia e por isso é um inimigo a ser derrotado. Mas o petista precisa avançar no projeto de pacificar a Nação, abrir o País para todas as tendências e não apenas para as que pensam como ele. Não deve retroceder política e econômicamente, como faz ao pregar a revisão da Reforma Trabalhista. Deve se comprometer com a realização das reformas indispensáveis, como a Tributária, Administrativa e, sobretudo, com a Política. Afinal, o Brasil não pode continuar a ter dezenas de partidos, criados apenas para dilapidar os cofres públicos. A Reforma Política tem que ser a mãe de todas as reformas.