PISTOIA, 29 OUT (ANSA) – A viagem do presidente Jair Bolsonaro à Itália não provoca protestos apenas em Anguillara Veneta, município onde ele receberá o título de cidadão honorário na próxima segunda-feira (1º).   

Em Pistoia, na Toscana, diversos partidos divulgaram nesta sexta (29) uma carta aberta contra uma visita do mandatário marcada para 2 de novembro – a cidade abriga um monumento em homenagem aos soldados brasileiros caídos na luta contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.   

“Bolsonaro não é bem-vindo, não merece ser recebido e saudado oficialmente pelas autoridades italianas, às quais pedimos que não lhe prestem nenhuma homenagem. Pedimos isso também em nome das 600 mil vítimas brasileiras da Covid, provocadas inclusive por sua política sanitária discriminatória”, afirma a carta.   

O documento é assinado pelos diretórios municipais do Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda na Itália, do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), dono da maior bancada no Parlamento, e das legendas Artigo 1º, Partido Comunista Italiano (PCI), Possível, Esquerda Italiana, Esquerda Cívica Ecologista, Refundação Comunista, Progressistas a Caminho e Federação dos Verdes.   

A carta ainda cita a Amazônia, a qual “Bolsonaro deixou queimar para favorecer os lobbies do setor agroalimentar, que apoiaram sua eleição”, e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.   

“Estamos enojados pelo caráter ditatorial de seu governo, por sua postura por ocasião do assassinato de Marielle Franco, por sua postura em relação aos direitos da comunidade LGBT e por aquilo que foi feito para excluir Lula da corrida presidencial no Brasil”, concluem os partidos.   

Bolsonaro mal chegou na Itália e já é alvo de protestos, embora não em Roma, que conta com reforço na segurança e restrições a manifestações por causa da cúpula do G20 no fim de semana.   

Em Anguillara Veneta, a sede da Prefeitura amanheceu com estrume na porta e a frase “Fora Bolsonaro” pichada na fachada em protesto contra a concessão do título de cidadão honorário ao presidente do Brasil.   

O ato foi reivindicado pelo grupo ambientalista “Rise Up 4 Climate Justice”, que afirmou que a figura de Bolsonaro “representa perfeitamente o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista contra o qual lutamos”. (ANSA).