Vários partidos políticos na Alemanha foram alvo de ciberataques durante o verão, revelaram os próprios grupos e as autoridades.

Berlim havia acusado em maio a Rússia de ter organizado vários ataques deste tipo, entre outros contra o Parlamento alemão.

Segundo o jornal Suddeutsche Zeitung e rádios públicas regionais, NDR e WDR, autoridades políticas, assim como colaboradores do partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), ou da formação de esquerda radical Die Linke, receberam nos dias 15 e 24 de agosto e-mails que pareciam ter sido enviados “a partir do quartel-general da Otan”.

Em documentos que a AFP pôde consultar, o Escritório Federal de Segurança Informática (BSI) e os serviços de inteligência interior advertem os deputados alemães contra estes ataques, sem informar de onde são provenientes.

Estes e-mails, que propunham aos seus destinatários informações sobre o recente terremoto na Itália ou sobre a tentativa de golpe na Turquia, em julho, continham um link que, uma vez ativado, podia instalar nos computadores alvos do ataque um programa espião, afirmam os três meios de comunicação, que citam “especialistas governamentais” segundo os quais o ataque teria sido lançado por hackers russos.

Segundo a imprensa alemã, “fontes de segurança” não identificadas estimam que a Rússia pode ser a responsável.

Citado pelo Süddeutsche Zeitung, o chefe da BSI, Arne Schonbohm, indicou ter informado aos partidos sobre este ataque que foi detectado pela Otan e pelos serviços de espionagem alemães BND.

“Levando-se em conta o contexto americano, me parecia importante que os partidos pudessem se proteger contra toda espionagem”, declarou o jornal em referência aos ciberataques de agosto contra o Partido Democrata americano.

A BSI teme que hackers interfiram na campanha antes das eleições legislativas do outono de 2017, influenciando ou manipulando, afirmam os outros três meios de comunicação alemães.

Em maio, os serviços de inteligência alemães acusaram hackers russos dirigidos pelos serviços secretos de estar por trás de uma campanha de ciberataques contra o Bundestag (câmara baixa) no ano passado.

O mesmo grupo, batizado de Sofacy ou APT 28, também tinha como alvo a Otan e o canal de televisão francês TV5, segundo uma fonte judicial.