A aliança legislativa e eleitoral que os três principais partidos da oposição no México formaram para enfrentar o partido governista de esquerda rachou nesta quarta-feira, suspendendo sua participação em futuras eleições importantes, como as presidenciais de 2024.

O PAN (direita) e o PRD (esquerda) anunciaram em comunicado a “suspensão temporária” da coalizão devido a divergências com o PRI (centro), que governou o México ininterruptamente por 70 anos até 2000.

Essa aliança permitiu-lhes travar iniciativas do Morena, o partido do presidente Andrés Manuel López Obrador, no Congresso.

Os líderes desses partidos haviam antecipado que participariam de uma coalizão nas eleições presidenciais de 2024, na qual o Morena tem vantagem, segundo pesquisas.

O PAN e o PRD criticaram que um deputado do PRI apresentou uma iniciativa para estender a presença do Exército nas ruas para tarefas de segurança até 2028.

O decreto que criou a Guarda Nacional em 2019, a maior aposta de López Obrador para pacificar o país, estabelece que enquanto esse órgão de segurança desenvolve suas capacidades, o presidente poderá usar as Forças Armadas para tarefas de segurança pública até 2023.

“Estender a militarização do país é tremendamente irresponsável, pois implica transferir para as Forças Armadas responsabilidades que não lhes correspondem”, diz o comunicado assinado pelo PAN e pelo PRD.

López Obrador – que quer que a Guarda Nacional seja gerida inteiramente pelo Exército – endossou a iniciativa do PRI e chegou a propor um referendo para decidir por quanto tempo o Exército deve permanecer na segurança pública.

A cisão na oposição ocorre enquanto o Congresso discute uma iniciativa do governo para que a Guarda Nacional seja administrada pelo Exército, apesar de ter sido concebida como um órgão civil.

Também ocorre em meio a acusações de corrupção e enriquecimento ilícito contra o líder do PRI, Alejandro Moreno, o que levou vários analistas a antecipar que o PRI buscaria um acordo com o governo de López Obrador para evitar sanções.

Nesta quarta-feira, Moreno afirmou que a coalizão opositora não corre risco ao garantir que seu partido tem um projeto conjunto, mas que não coincide em tudo.