O governante Partido Liberal Democrático (PLD, direita) do Japão escolheu nesta quarta-feira (29) o ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida como seu líder, o que fará dele o novo primeiro-ministro do país.
Kishida, um centrista de 64 anos, recebeu 257 votos no segundo turno da eleição interna do PLD, contra 170 de Taro Kono, de 58 anos, o político que comanda a campanha de vacinação contra a covid-19.
O novo líder do PLD será confirmado como primeiro-ministro em uma votação no Parlamento em 4 de outubro e vai liderar seu partido nas eleições gerais, que podem acontecer em novembro.
Procedente de uma família política de Hiroshima, Kishida almejava o posto de chefe de Governo do Japão há vários anos. Em 2020, ele perdeu a eleição de líder do PLD para o atual primeiro-ministro, Yoshihide Suga.
Suga deixa o cargo depois de passar apenas um ano no poder, com baixa popularidade devido ao descontentamento com a resposta do governo à pandemia de covid-19.
Kishida foi o primeiro a anunciar sua candidatura e baseou a campanha em uma plataforma de estímulo para a recuperação pós-pandemia. Ele se apresentou como alguém capaz de escutar e levava para os comícios uma caixa de correio para registrar as sugestões dos cidadãos.
Fumio Kishida superou por pouco Taro Kono no primeiro turno da votação entre membros e parlamentares do PLD, mas conquistou uma vitória com ampla margem no segundo turno.
As outras duas candidatas eram a direitista Sanae Takaichi e a feminista Seiko Noda, que foram eliminadas no primeiro turno.
– Discreto –
Kishida tentou capitalizar o descontentamento popular com a resposta de Suga à pandemia, que levou o primeiro-ministro a registrar níveis de apoio historicamente baixos.
Seu estilo discreto foi apontado por alguns como falta de carisma e suas ideias políticas sugerem mais continuidade que mudança.
Porém, isso o ajudou a obter mais apoio entre a militância do PLD, que o preferiu ao estilo reformista e direto de Kono.
“Kishida teve um desempenho melhor que o esperado”, comentou Corey Wallace, analista e professor da Universidade de Kanagawa.
“Ele tentou satisfazer a todos, mas ao contrário das oportunidades anteriores que se postulou ou anunciou a intenção de apresentar a candidatura, desta vez teve uma mensagem”, disse Wallace à AFP.
O novo líder do PLD é considerado uma figura confiável, que poderia dar prosseguimento às políticas do governo de Suga. Ele não indicou planos de mudar radicalmente as estratégias nas áreas de Defesa ou Relações Exteriores.
Kishida, no entanto, defendeu uma “política de generosidade” e ressaltou a intenção de afastar o país das políticas econômicas neoliberais.
Apesar de sua fama de liberal, Kishida foi mais relutante que o rival Kono a assumir compromissos com temas polêmicos, incluindo a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a permissão para que os casais tenham sobrenomes diferentes.
Ao chegar ao poder, ele enfrentará muitos desafios, que vão da recuperação econômica após a pandemia até a maneira de conter as ameaças da Coreia do Norte e da China.