O Partido Democrático (PD) propôs, nesta quarta-feira, um pacto de governo com a formação antissistema Movimento 5 Estrelas (M5E) baseado em cinco pontos, um passo-chave para a saída da crise política na Itália após a renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte na quarta.

O partido de centro-esquerda, liderado por Nicola Zingaretti, apesar de suas profundas divisões e das recentes derrotas eleitorais, aprovou de forma unânime as condições para governar ao lado do M5E, incluindo uma mudança da linha política dura contra a migração.

As duas forças parlamentares uniriam forças para evitar eleições antecipadas e, ao mesmo tempo, conter o avanço do partido de ultradireita Liga, de Matteo Salvini, ministro do Interior, defensor da política de portos fechados para os migrantes.

Em seu pronunciamento de demissão, Conte criticou seu ministro do Interior. Segundo ele, Salvini “perseguiu apenas seus próprios interesses e os interesses de seu partido”, ao tentar tirar proveito das pesquisas que lhes davam uma grande maioria no parlamento, na sequência dos resultados recordes nas eleições europeias (34%).

Nas eleições legislativas de 2018, o M5E recebeu 32% dos votos, enquanto o PD obteve pouco mais de 17%.

Após a ruptura da aliança entre M5E e Liga, que governou por 14 meses, o partido de esquerda vai apresentar nesta quinta-feira a proposta ao presidente da República, Sergio Mattarella, responsável por explorar possíveis soluções, como determina a Constituição.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“Hoje demos um grande passo porque todo o partido está unido ao redor de uma decisão”, afirmou Zingaretti após uma reunião na sede do partido em Roma.

A aliança com o M5E foi defendida inicialmente pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi e apoiada, com algumas ressalvas, por um dos fundadores do partido, o ex-premier e ex-presidente da Comissão Europeia Romano Prodi.

“Não vamos fazer acordo por baixo da mesa”, declarou Zingaretti.

“Apresentamos a proposta de um programa viável e compartilhado por uma ampla maioria do Parlamento”, acrescentou o secretário do PD à imprensa.

Zingaretti enumerou os cinco pontos do programa, um resumo das condições para alcançar um acordo.

“Pertencer à União Europeia, pleno reconhecimento da democracia representativa e da centralidade do Parlamento, desenvolvimento baseado no respeito ao meio ambiente, mudança de rumo na gestão dos fluxos migratórios com um papel preeminente para a União Europeia, direcionar a política econômica e social para uma maior redistribuição e investimento”, declarou.

Relutante à ideia de reeleição do primeiro-ministro demissionário, Zingaretti critica Conte por ter assinado as rígidas leis contra a migração idealizadas por Matteo Salvini, e aprovadas sistematicamente pelo M5E, do qual Giuseppe Conte é próximo.

“Deve ser um governo forte, que una, diferente do atual, que compartilha objetivos. Em caso contrário é melhor votar”, concluiu.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias