Partido de Suu Kyi afirma ter vencido eleições gerais em Myanmar

BANGCOC, 9 NOV (ANSA) – O partido de Aung San Suu Kyi, o governista Liga Nacional para a Democracia (NLD), afirmou nesta segunda-feira (9) que venceu as eleições gerais de Myanmar. O porta-voz, Myo Nyunt, afirmou que a sigla já conquistou 332 dos 642 assentos no Parlamento e que “vamos garantir 377 lugares no total”.   

No entanto, a Comissão Eleitoral da União não confirmou o resultado e havia dito, após o fechamento das urnas neste domingo (8), que a contagem poderia durar até uma semana. Se confirmados os números da melhor projeção, o NLD vai ter registrado uma pequena queda na comparação com as eleições de 2015, quando conquistou 390 assentos.   

A disputa desse ano é válida para todos os 315 lugares na Câmara Baixa e pelos 161 na Câmara Alta. Como há cinco anos, um quarto dos assentos é destinado apenas para os militares que dão apoio ao governo do NLD. Ao todo, 37 milhões de cidadãos puderam votar em mais de 90 partidos diferentes.   

No entanto, o pleito foi marcado por denúncias de organizações de direitos humanos e por críticas de outros países, como da União Europeia. Isso porque, cerca de dois milhões de eleitores concentrados em áreas onde haveria vitória de partidos de minorias étnicas tiveram votos anulados por “questões de segurança”.   

Nesta segunda-feira, sem reconhecer a vitória do NLD, a União Europeia emitiu um comunicado oficial em que apela “para a plena inclusão de todos os grupos étnicos, religiosos e minoritários do país, incluindo a comunidade rohingya, e à garantia dos direitos civis e políticos”. O bloco ainda pede que sejam realizadas “eleições o mais cedo possível nos círculos eleitorais em que não pode haver votação”.   

A imagem de Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz em 1991, foi se deteriorando no exterior nos últimos anos por conta das revelações de que ela nada fez para proteger cerca de 740 mil rohingyas obrigados a fugir do país para a vizinha Bangladesh em 2017. A Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a aprovar uma moção por ampla maioria condenando a violação de direitos humanos dos membros da minoria.   

Porém, internamente, a “líder de facto” de Myanmar ainda mantém uma alta aprovação – até mesmo pelo preconceito da própria população contra os rohingyas. Além disso, ela foi bem vista na gestão da pandemia do coronavírus Sars-CoV-2. (ANSA).