ROMA, 11 JUL (ANSA) – Partido mais votado nas eleições europeias em termos absolutos, a Liga, do ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, não conseguiu obter a presidência de nenhuma comissão na nova legislatura do Parlamento Europeu.   

Após ter visto um membro da oposição na Itália, David Sassoli, do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), ser eleito presidente do Legislativo da União Europeia, a Liga não conseguiu evitar a escolha do italiano Roberto Gualtieri, também do PD, para chefiar a Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários (Econ).   

Já Antonio Tajani, do conservador moderado Força Itália (FI), foi eleito para presidir a Comissão de Assuntos Constitucionais (Afco) – o FI é aliado da Liga em governos regionais e municipais, mas faz oposição em âmbito nacional.   

Outros cinco italianos foram eleitos vice-presidentes de comissões, sendo quatro do PD e um do partido de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), que tem a mesma postura que o FI em relação a Salvini. “Uma coisa que lamento é que na Europa estão dando poltronas a torto e a direito. PD, FI, FdI e presidências e vice-presidências a todos. A única excluída é a Liga. Isso é vergonhoso, é um insulto à democracia”, declarou o ministro do Interior, que prometera “mudar a UE”, mas até aqui não conseguiu influenciar nas nomeações.   

Segundo Salvini, a “exclusão” de seu partido é motivada por “preconceito ideológico” e “racismo”, embora outros italianos tenham sido eleitos para posições de destaque no Parlamento Europeu. A Liga recebeu cerca de 9,1 milhões de votos nas eleições europeias, o maior número absoluto entre todos os Estados-membros da UE.   

Eurocéticos – Os partidos pró-Europa formaram uma espécie de “cordão sanitário” para isolar o grupo de extrema Identidade e Democracia, capitaneado pela Liga e pelo Reunião Nacional, da francesa Marine Le Pen.   

As presidências das comissões do Europarlamento acabaram distribuídas principalmente entre os grupos Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita; Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda; e o liberal Renovar Europa.   

As três forças também devem se unir para evitar indicações da extrema direita para alguma das 27 pastas que formam a Comissão Europeia (uma para cada Estado-membro), o poder Executivo da UE.   

A Itália quer indicar o próximo comissário da Concorrência, e o primeiro-ministro Giuseppe Conte já disse que a nomeação caberá à Liga, mas todos os candidatos precisam passar por uma sabatina no Europarlamento, conhecido pela rigidez nos questionamentos.   

(ANSA)