ROMA, 18 SET (ANSA) – Uma pesquisa realizada pelo instituto Ixè mostra que o Itália Viva, futuro novo partido do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, teria menos de 5% das intenções de voto e ficaria pouco acima da cláusula de barreira para entrar no Parlamento.

A sondagem foi revelada nesta quarta-feira (18), um dia após Renzi, premier da Itália entre fevereiro de 2014 e dezembro de 2016, anunciar que deixará o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.

Segundo a pesquisa, o Itália Viva, nome de seu novo partido, teria no momento 3,8% das intenções de voto, apenas 0,8 ponto percentual acima da cláusula de barreira de 3%. O número, no entanto, deve ser visto com cautela, já que muitos ainda não sabem sobre o novo projeto político de Renzi, que sequer apresentou um programa de governo.

Contudo, para efeito de comparação, um eventual partido guiado pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte, que surgiu na política há pouco mais de um ano, teria 11% dos votos. O instituto Ixè também mostra que 85% dos eleitores do PD são contra a cisão provocada por Renzi e que apenas 6% acham que o ex-premier tomou a decisão correta. Quando se considera o total de eleitores, esses números passam para 49% e 27%, respectivamente. A pesquisa foi feita entre 16 e 17 de setembro e tem margem de erro máxima de 3,1 pontos percentuais.

Novo partido – A hipótese de Renzi fundar um novo partido já era alvo de rumores na Itália desde março de 2018, quando ele deixou o comando do PD por causa do fracasso nas eleições legislativas daquele mês.

O objetivo do ex-primeiro-ministro, que sempre foi visto com desconfiança pelas alas mais à esquerda no Partido Democrático, é formar uma legenda capaz de reunir o eleitorado de centro, um projeto antigo que Silvio Berlusconi também tentou, mas não conseguiu realizar.

“Espero que ele tenha sucesso e alcance os resultados aos quais se propôs”, disse o ex-premier conservador nesta quarta-feira (18). Segundo cálculos do próprio Renzi, o Itália Viva nascerá com 25 deputados e 15 senadores, números suficientes para garantir a permanência ou a queda do governo Conte.

“Digo isso com respeito por Matteo, mas acho que é difícil para ele estar em uma comunidade colaborativa, preferindo um sistema que responda plenamente a ele”, criticou o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, expoente do PD.

Apesar da cisão, Renzi garante que manterá o apoio a Conte, mas o fato é que o ex-primeiro-ministro se tornou essencial para a sobrevivência do atual premier. O Partido Democrático foi criado no segundo semestre de 2007, com o objetivo de unir sob o mesmo guarda-chuva diversas alas da centro-esquerda, desde ex-comunistas até sociais-democratas e egressos da antiga Democracia Cristã. Sua plataforma é progressista, europeísta e contrária à antipolítica.

O PD é também o mais heterogêneo dos partidos do país, com alas ligadas a sindicatos, ao mundo empresarial, à Igreja Católica, entre outras. Por conta disso, tem uma longa história de brigas internas e ameaças de cisão. (ANSA)