Partido de Merz aprova acordo para formação de novo governo na Alemanha

Partido de Merz aprova acordo para formação de novo governo na Alemanha

"FriedrichDelegados da CDU, sigla do provável futuro chanceler federal alemão Friedrich Merz, acataram formação de governo com o SPD, de Olaf Scholz. Social-democratas têm até terça-feira para votar.Delegados da sigla alemã conservadora União Democrata Cristã (CDU), do futuro chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, aprovaram nesta segunda-feira (28/04) o acordo de coalizão negociado com o Partido Social Democrata (SPD) para formar o próximo governo do país.

Em uma conferência do partido na capital, a maioria dos delegados da CDU votou a favor do acordo de 144 páginas, intitulado "Responsabilidade pela Alemanha". Segundo o governador da Saxônia, Michael Kretschmer, que conduziu a sessão, o texto foi aprovado por uma "maioria esmagadora", embora o número exato de votos não tenha sido divulgado. Merz já definiu seus ministros para o novo governo.

O bloco conservador — que inclui também a União Social Cristã da Baviera (CSU), partido irmão da CDU na Baviera — já havia fechado o acordo de coalizão no início do mês, após vencer as eleições de fevereiro.

Com a aprovação da CSU já garantida desde o começo do mês, as atenções se voltam agora para o SPD, cujos 358 mil filiados têm até a noite desta terça-feira para votar sobre a formação do bloco. O resultado será anunciado na quarta-feira.

Se aprovado, Friedrich Merz, deve ser eleito chanceler federal pelo parlamento alemão no dia 6 de maio – seis meses após o colapso da atual coalizão de centro-esquerda, provocado pela demissão do então ministro das Finanças, Christian Lindner.

Juntos, CDU, CSU e SPD somam apenas uma estreita maioria de 328 dos 630 assentos no novo Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão.

Merz promete mudança de rumo

Antes da votação, Merz prometeu mudar o curso das políticas de migração e da economia do país, apesar das críticas de seus aliados de que o acordo de coalizão tenha sido pouco incisivo.

O futuro chanceler afirmou que a nova administração precisará agir rapidamente para aliviar o impacto da migração no país que, segundo ele, ameaça a coesão social e a democracia.

Merz defendeu a imposição de controles de fronteira mais rígidos desde o primeiro dia de seu futuro governo e prometeu apoiar uma política migratória mais restritiva no âmbito da União Europeia.

"Comigo na liderança, a Alemanha não vai mais pisar no freio na Europa nesse tema", declarou Merz, sendo aplaudido pelos delegados.

O conservador ainda prometeu reverter a política econômica da atual gestão, sob o desafio de reaquecer a economia alemã, que passa por uma estagnação.

Ele ainda argumentou a favor da abertura de mercados para evitar o impacto da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Merz disse que pretende propor ao presidente americano Donald Trump uma redução mútua das tarifas comerciais a 0% para todos os produtos negociados entre Alemanha e EUA.

CDU define seus ministros

Antes da votação, a CDU revelou seus indicados para o novo gabinete federal. Entre eles, o deputado Johann Wadephul, especialista em política externa e segurança, foi escolhido para comandar o Ministério das Relações Exteriores — o primeiro político da CDU a assumir a pasta em quase 60 anos.

Wadephul chega ao cargo em um cenário de rápidas transformações geopolíticas, e terá a missão de posicionar Berlim diante de um governo americano cada vez mais imprevisível.

Katherina Reiche, ex-parlamentar que passou os últimos anos no setor de energia, foi indicada para o Ministério da Economia.

SPD ainda precisa ratificar acordo

Embora a aprovação pela CDU fosse esperada, a votação entre os membros do SPD segue até esta terça-feira. Apesar das críticas da ala jovem do partido, analistas consideram que a aprovação é provável, especialmente diante da força crescente do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

A AfD, que ficou em segundo lugar nas eleições de fevereiro, vem ganhando força nas pesquisas e poderia se beneficiar de uma eventual rejeição do acordo pelo SPD, o que poderia levar a novas eleições.

Assim como a CDU, o SPD indicará sete ministros no novo governo, enquanto a CSU ficará com três pastas. O secretário-geral do SPD, Matthias Miersch, afirmou que os nomes serão anunciados na próxima segunda-feira, véspera da eleição de Merz como chanceler.

Entre os cotados, o atual ministro da Defesa, Boris Pistorius — um dos membros mais populares do governo de centro-esquerda — deve permanecer no cargo.

gq (dpa, dw)