O Podemos, partido do senador Marcos do Val (ES), repreendeu o parlamentar após ele admitir ao Estadão que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto por ter apoiado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para presidência do Senado, em fevereiro do ano passado. Os outros seis senadores do partido, incluindo o líder da bancada, Alvaro Dias (PR), assinaram uma nota condenando o esquema, que envolve a distribuição de verbas públicas para favorecer aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da cúpula do Congresso.

“Nós, senadores pelo partido Podemos, declaramos que somos contrários ao recebimento de verbas ou recursos provenientes das emendas RP-9 (orçamento secreto). Não compactuamos com essa forma de se fazer política”, diz a nota.

Na entrevista, Marcos do Val afirmou que teve o direito de indicar R$ 50 milhões em emendas para o Espírito Santo como forma de “gratidão” ao apoio dado a Pacheco. O valor foi informado pelo ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP), articulador da eleição, de acordo com ele. Depois da publicação, o senador divulgou uma nota afirmando que foi mal interpretado e pediu desculpas.

No ano passado, o Podemos declarou apoio à eleição de Simone Tebet (MDB-MS) para a presidência do Senado. Marcos do Val e o senador Romário (RJ), que mudou para o PL, apoiaram Pacheco, na contramão da bancada. Conforme o Estadão publicou na ocasião, o Planalto liberou verbas do orçamento secreto para favorecer Pacheco na eleição do Senado e Arthur Lira (Progressistas-AL) na disputa pela presidência da Câmara.

“Entendemos que as emendas individuais e de bancada são suficientes. Sempre defendemos o fim das emendas RP-9?, diz a nota do Podemos.

Integrantes do partido demonstraram contrariedade com a postura do colega, mas não houve nenhuma decisão em relação ao parlamentar. “Sempre fui contra o orçamento secreto, a começar que tudo que é secreto é reprovável e censurável. Em segundo lugar, o orçamento secreto foi discriminatório e correspondeu à compra de votos”, disse o senador Lasier Martins na noite de quinta-feira, 7, após as declarações de Marcos do Val.